O Índice Global de Interferência da Indústria do Tabaco, que será lançado na segunda-feira, 27, mostrou que a influência do setor cresceu nos três Poderes nos últimos dois anos. Conduzida pela ACT Promoção da Saúde e a Fiocruz, em parceria com o Global Center for Good Governance in Tobacco Control, a pesquisa mapeou ações entre abril de 2023 e março de 2025.

O estudo registrou 27 encontros de representantes do setor com integrantes do governo federal no período, além de atuação no Congresso e ações no Judiciário para postergar regulações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O indicador mais crítico apontado pelo levantamento é o da participação direta da indústria na formulação de políticas públicas, com destaque para pressões junto à Anvisa e à Receita Federal. Segundo o levantamento, o país passou de 34 pontos em 2019 para 65 em 2025, numa escala em que pontuações mais altas indicam maior influência do setor sobre governos.

Os dados apontam supostas pressões para flexibilizar regras sobre cigarros eletrônicos, interferências no debate da reforma tributária e tentativas de influenciar o posicionamento do Brasil na COP10, conferência internacional sobre controle do tabaco.

Também foram registradas ações de lobby e campanhas de responsabilidade social corporativa, vistas pelos pesquisadores como estratégias para melhorar a imagem das fabricantes.

“A indústria moderniza antigas táticas ao introduzir novos produtos e sustentar forte lobby para evitar regulações”, disse Mariana Pinho, coordenadora da ACT Promoção da Saúde.