Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) identificou um paradoxo brasileiro: municípios com arrecadação bilionária que não conseguem oferecer bons serviços públicos à população. Ao mesmo tempo, cidades com receitas modestas apresentam resultados sociais melhores, puxados por gestões mais eficientes e economias locais mais dinâmicas.
Em estados como São Paulo e Espírito Santo, municípios como Barra do Chapéu (SP), Águia Branca (ES) e Atílio Vivácqua (ES) ilustram o caso de alta arrecadação, mas indicadores sociais frágeis. O cenário também aparece em cidades maiores, como São Luís (MA), Belém (PA), Porto Velho (RO) e Macapá (AP), com vulnerabilidades em áreas como saúde, educação e saneamento.
Em contrapartida, no Sul e no Sudeste, o Ipea detectou cidades com baixa receita, mas menor vulnerabilidade. É o caso de Amparo (SP), Bragança Paulista (SP), Poços de Caldas (MG) e São Lourenço (MG). Esses municípios são impulsionados por economias locais ligadas ao turismo, à agricultura e a serviços regionais.
Já no Norte e no Nordeste concentram-se boa parte dos casos de baixa capacidade fiscal combinada a altos níveis de vulnerabilidade social.
Para os autores, a saída seria criar um sistema nacional de equalização fiscal, uma espécie de fundo que redistribua melhor os recursos. Nessa conjectura, municípios pobres receberiam mais apoio da União para atender demandas locais, enquanto cidades ricas, mas ineficientes, não ficariam com uma fatia maior do bolo.