Ainda sem o anúncio da decisão do presidente Lula a respeito da vaga aberta no STF (Supremo Tribunal Federal) com a saída do ministro Luís Roberto Barroso, o chefe da AGU (Advocacia Geral da União), Jorge Messias, levou ao presidente, nesta quinta-feira, 16, representantes da Assembleia de Deus Madureira, que demonstraram apoio à sua indicação para a Corte.
Messias foi ao encontro com Lula acompanhado dos bispos Samuel Castro Ferreira, presidente executivo da Conamad (Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil), e Manoel Ferreira, bispo primaz e presidente vitalício da Conamad. O encontro foi pedido pelo deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP), na semana passada, assim que Barroso anunciou sua aposentadoria.
No encontro, os religiosos disseram a Lula que a possível indicação de Messias para a vaga será considerada um aceno claro aos evangélicos, principalmente aos que estão ligados a grandes denominações religiosas, segmento bastante alinhado com o bolsonarismo e no qual Lula ainda enfrenta grande resistência. Os pastores disseram ao presidente que a indicação de Messias seria uma forma de demonstrar que ele “não tem nada contra os evangélicos” e representaria uma “virada de chave” na relação do governo com as igrejas.
Para os que participaram do encontro, a sensação foi de que Messias está “99% indicado”, usando a expressão dita por um deles, sob reserva, apesar de não terem ouvido a declaração do presidente sobre o assunto.
Messias é visto pelo grupo como um nome pré-definido há alguns meses pelo fato de contar com a total confiança do presidente. A intenção do deputado ao pedir a conversa, segundo interlocutores, era dizer que ele representa “um caminho que se abriu” para Lula voltar a dialogar com os evangélicos.
Interlocutores do ministro esperam que a indicação ocorra entre esta quinta ou sexta-feira, 17. Messias é visto como um nome que soube esperar, por ter sido preterido duas vezes nas ocasiões em que Lula preferiu indicar os ministros Cristiano Zanin e Flávio Dino.
Enquanto isso, no Congresso, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), outro cotado para a vaga, participava da comissão presidida por ele, destinada a criar um novo Código Civil. Ao ser abordado sobre o assunto, ele buscou se mostrar grato pela menção ao seu nome, mas atribuiu a decisão unicamente a Lula. “Eu me lembro do ministro Flávio Dino, dizendo e parafraseando alguém, que agora eu não me lembro, dizendo que não se faz campanha para isso, mas ao mesmo tempo não se recusa o convite, então essa é a lógica”, declarou Pacheco.
Lula tem planos de lançar Pacheco como candidato ao governo de Minas Gerais, mas ainda não conta com a concordância do senador para encabeçar o palanque no estado. Ao comentar esse assunto, Pacheco se disse “honrado pelos incentivos” que recebe de Lula para que se candidate a governador 2026.