A juíza Helenice Rangel Martins, da 3ª Vara Cível de Campos dos Goytacazes, no Rio, apresentou um processo criminal contra o advogado José Francisco Abud por injúria. Em petição à magistrada, o advogado a ofendeu com expressões racistas.
Para rebater uma decisão judicial, Abud escreveu que a juíza é “magistrada afrodescendente com resquícios de senzala e recalque ou memória celular dos açoites”. Ele também classificou a sentença dela como “decisões prevaricadoras proferidas por bonecas admoestadas das filhas das sinhás das casas de engenho”.
As ofensas à juíza revoltaram as instituições do direito. A OAB-RJ ingressou com um pedido para expulsão do advogado, que foi condenado também pela OAB nacional e por associações de magistrados e juristas. A Associação dos Magistrados do Rio de Janeiro (Amaerj) considerou a situação “inaceitável”.
No Instagram, a juíza Mirela Erbisti, do TJ-RJ, compartilhou a história de Helenice Martins, que é de origem humilde de Ceilândia, cidade satélite de Brasília. “Filha de um pasteleiro, que estudou até a 4ª série, de quem sempre ouvia que ‘filho de pobre não passa em concurso por ser um jogo de cartas marcadas’, e de uma costureira, que estudou até a 7ª, foi a única mulher cotista do seu concurso”, escreveu a magistrada.
O processo de Helenice Rangel Martins contra Abud foi instaurado no 1º Juizado Especial Criminal de Campos. O juiz do caso é Iago Saude Izoton.