Entre os motivos pelos quais o agronegócio trabalhou pela derrota da Medida Provisória alternativa ao aumento do IOF, na semana passada, está a taxa de juros elevada. Com a Selic estacionada em 15% ao ano e sem perspectiva de alívio no curto prazo, o setor interpretou o texto como uma ameaça à captação de recursos via mercado de capitais.
A MP do governo alterava regras de tributação sobre investimentos e aplicações financeiras, como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).
A Frente Parlamentar da Agropecuária foi uma das principais articuladoras da derrota do texto, sob o argumento de que ele reduzia a atratividade do mercado de capitais e poderia afastar investidores de produtos estruturados voltados ao agronegócio.
Para lideranças do setor, a combinação de juros altos, insegurança tributária e crédito travado criou um cenário de asfixia financeira. Sem linhas acessíveis, o agro vem migrando parte do financiamento para o mercado de capitais, movimento que a MP atingia diretamente, com a taxação de títulos do agronegócio.