A Justiça de São Paulo arquivou a ação criminal movida contra o observatório De Olho nos Ruralistas por um aliado do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Os jornalistas do site foram acusados de stalking e intolerância religiosa, entre outros crimes, pelo empresário Ronaldo Farias.
O Ministério Público havia se manifestado pela improcedência das acusações, apontando abuso do direito de ação penal para intimidar a atividade jornalística, e a Justiça concluiu que não há indício de conduta criminosa por parte da equipe do site.
Em 2024, De Olho nos Ruralistas revelou, em uma série de reportagens, o uso de equipamentos públicos em imóveis irregulares e possíveis relações patrimonialistas envolvendo pessoas próximas do prefeito Nunes. A defesa do site foi feita pela Rede Liberdade, em parceria com o escritório Feller e Pacífico Advogados.
Para a Rede Liberdade, que reúne advogados e entidades em defesa das liberdades individuais, o arquivamento do caso confirma o uso instrumental do sistema de Justiça para tentar silenciar investigações legítimas de interesse público.
O caso ganhou repercussão pública após uma nota oficial da assessoria da Prefeitura de São Paulo, em 26 de junho de 2024, afirmar que o prefeito Ricardo Nunes ingressaria com ação criminal contra os jornalistas por “crime de perseguição”, o que foi repudiado por organizações como a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).
Ainda assim, em outubro passado, Nunes emitiu nova nota pública ameaçando os repórteres de processo após uma reportagem do jornalista Paulo Motoryn, do Intercept, citar os personagens da série publicada por De Olho nos Ruralistas.