A Justiça de São Paulo impôs nos últimos dias dois revezes ao empresário Guimar Alves, conhecido como “Rei do laranjal”, acusado por credores de fraudes e ocultação de patrimônio por meio de laranjas para não pagar dívidas estimadas em mais de R$ 100 milhões.

Em decisões em 15 e 20 de maio, a 12ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) manteve o arresto de bens de duas empresas supostamente ligadas a Alves e ao filho dele, Leandro Ferreira. A mulher de Ferreira, Karine do Espírito Santo, também teve bens bloqueados judicialmente para garantir eventual cumprimento da sentença.

Ao tomarem as decisões sobre o bloqueio dos bens, os desembargadores do colegiado entenderam haver indícios de fraude e ocultação patrimonial. Uma das empresas afetadas pelas decisões é a Credimais, uma das suspeitas de blindar patrimônio de Alves e seu filho, incluindo helicóptero e avião, por meio de uma proprietária laranja. A outra firma é a KL Factoring, aberta em nome da mulher de Leandro Ferreira.

Como informou o jornalista Luiz Vassallo, Guimar é suspeito de apontar nomes de amigos e funcionários seus como donos dos negócios. O empresário ainda é acusado de usar laranjas na lista de credores apontados pela empresa para aprovação da recuperação judicial de uma de suas empresas, a Fazenda Ribeirão Bonito, em Novo Repartimento (PA).

Na recuperação judicial, o proprietário legal da fazenda é Carlos Roberto Alves Filho. Alega-se que ele teria adquirido o imóvel em 2023 por R$ 600 mil, mas um depoimento prestado à polícia pelo contador da fazenda, Deusval de Barros Brito Filho, apontou que o negócio pertencia, na realidade, a Guimar.

Alves Filho também é ligado a uma outra empresa que teria Guimar como dono oculto, a Piloto Embalagens. A dona formal do negócio é Paula Mendes de Carvalho, que recebia Bolsa Família e não dava expediente na empresa.