A estreia da Keeta, da gigante chinesa Meituan, mal completou uma semana na Baixada Santista e já enfrenta seu primeiro teste de fogo. Entregadores de Santos organizam uma paralisação neste sábado, 8, para protestar contra as condições de trabalho impostas pela plataforma, que iniciou operações em formato de teste em Santos e São Vicente no dia 30. São mais de 300 trabalhadores que ameaçam suspender o trabalho.
O movimento ganhou força depois de uma reunião com representantes da empresa esta semana. Segundo os entregadores, os executivos chineses trataram apenas dos problemas técnicos do aplicativo, como falhas de GPS, consumo excessivo de bateria e lentidão.
Os representantes da categoria apontam que a empresa evitou discutir os pontos centrais das queixas: as taxas, bônus e remunerações de entregas. A categoria esperava sair da conversa com um compromisso sobre reajustes.
Os entregadores reclamam de bloqueios automáticos de 30 minutos após a recusa de três corridas e de descontos aplicados em casos de devolução de pedidos cancelados. Essas penalidades não ocorrem em plataformas concorrentes. Segundo entregadores ouvidos pela coluna, também há insatisfação com a pressão para permanecer conectado durante turnos fixos e com a ausência de pagamento por horas logadas.
A Meituan, dona da Keeta, chegou ao Brasil sob um histórico de controvérsias trabalhistas e de mercado. Antes do lançamento em Santos e São Vicente, a empresa já havia enfrentado acusações de práticas abusivas em Hong Kong. Na China, foi multada em R$ 2,6 bilhões por práticas anticoncorrenciais e viu seu lucro global despencar 97%.
Ao chegar ao país, a empresa anunciou investimento de R$ 5,6 bilhões.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu monitorar as operações da Keeta, ao lado de outros aplicativos de delivery como iFood e Rappi, em meio à disputa cada vez mais intensa no mercado de delivery.
Em nota, a Keeta informou que oferece taxa mínima de R$ 7,50 por entrega para motociclistas e R$ 7,00 para ciclistas em seu projeto-piloto em Santos e São Vicente, iniciado em 30 de outubro. A empresa diz que os incentivos são baseados em pedidos, não no tempo online, e que concede um bônus de R$ 5,00 no lançamento. Segundo a plataforma, o modelo segue a prática de mercado e prevê até sete saques gratuitos por semana para entregadores cadastrados.
