O coronel “kid preto” do Exército Hélio Ferreira declarou nesta sexta-feira, 28, ao STF (Supremo Tribunal Federal) que elaborou dentro do setor de inteligência do Exército, no Rio Grande do Sul, um plano que previa a prisão de ministros. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirma que o material era parte da trama golpista para manter Jair Bolsonaro na presidência da República após derrota nas urnas, em 2022, e serviria para prender o então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes.
Ferreira foi interrogado por um juiz auxiliar do gabinete de Moraes na última etapa dos interrogatórios dos 34 réus dos quatro processos sobre o caso. Ele negou que o plano tenha sido colocado em prática e tentou minimizar o documento, que já havia sido apresentado no processo pela defesa.
A PGR considera o documento uma das provas de planejamento prévio das ações golpistas. O militar da reserva afirmou que o documento não foi retransmitido e negou que fosse ilegal.
Na audiência desta segunda-feira, 28, iniciada pela manhã, dois outros “kid pretos” chegaram fardados para o depoimento e foram obrigados a deixar as salas onde participariam da audiência – que é feita por videoconferência. Por ordem de Moraes, o uso das fardas durante os interrogatórios dos réus foi proibido. Os advogados protestaram alegando cerceamento da liberdade dos clientes, mas os pedidos foram negados.
A cor dos gorros
O nome “kids pretos” é uma referência à cor dos gorros usados em operações do grupo, considerado a elite do Exército. São militares formados pelo Curso de Operações Especiais do Exército Brasileiro, com capacitação para missões sigilosas e em ambientes hostis e politicamente sensíveis.
O coronel Márcio Nunes de Resende Júnior, outro kid preto que teria participado da trama golpista, mostrou o gorro usado pelos membros das forças especiais do Exército para defender o grupo. ”Excelência, nos somos chamados de kids pretos né.. esse aqui é o gorro das equipes das Forcas Especiais e foi o gorro que usei em minhas missões, tem muito suor.” O coronel mostrou o gorro para defender a equipe e dizer que os encontros entre eles eram rotineiros e não foram parte de golpe.
O depoente negou a acusação da PGR de que ele teria organizado o encontro de militares para pressionar e influenciar generais do alto comando das Forças Armadas. “Coronel não influencia general, vossa excelência”, afirmou.