Apesar da repercussão do assunto, e do número de assinaturas ser suficiente para a criação de CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), o apoio às iniciativas da oposição para investigar as fraudes no INSS continua tímido entre os líderes dos partidos. Representantes da maioria das bancadas dos principais partidos do Centrão, grupo dominante no Congresso, formado por União Brasil, PSD, MDB, Republicanos e PP, resistem a endossar a instalação dos colegiados.

Na Câmara, o pedido de criação de uma CPI foi protocolado na semana passada sem apoio de nenhum líder do Centrão. No Senado, a líder do PP, senadora Tereza Cristina (TO), e o líder do Republicanos, Mecias de Jesus (RO) foram os únicos líderes do Centrão que assinaram o requerimento para uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). 

Chama a atenção o fato de que dos quatro líderes da federação (foto) formada por PP e União Brasil, lançada na semana passada, somente a senadora Tereza Cristina tenha rubricado o pedido de criação de uma CPMI feito pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e pela deputada Coronel Fernanda (PL-MT). Já com 33 assinaturas de senadores e 209 deputados, a previsão era que esse pedido fosse apresentado nesta semana, mas o protocolo foi adiado em uma tentativa da oposição de buscar apoios mais robustos.

O avanço das investigações no parlamento depende da decisão dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP). Para a oposição conseguir convencê-los, depende de pressão no Colégio de Líderes. Sem apoio da maioria dos representantes dos partidos, esse movimento fica enfraquecido.

Considerando todos os líderes de bancadas na Câmara, 11 não assinaram o pedido protocolado pelo deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), e somente 2 apoiaram a proposta. São eles o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), e do Novo, Marcel Van Hattem (RS). No Senado, também considerando o conjunto de partidos, 8 líderes não assinaram o pedido de CPMI, e 4 apoiaram a proposta. Além de Tereza Cristina e Mecias de Jesus, também avalizaram o requerimento o líder do PL, Carlos Portinho (RJ), e Eduardo Girão (Novo-CE).

Demissão de Lupi
O líder do PDT na Câmara, Mário Heringer (MG), cogita a possibilidade de assinar o pedido após a demissão de Carlos Lupi do Ministério da Previdência, ocorrida na semana passada, por causa da eclosão das denúncias. Mas essa decisão que pode ser tomada pela bancada da Câmara não encontra eco no Senado, onde o líder do partido, senador Weverton Rocha (MA), alinhado ao governo, não cogita apoiar o pedido de CPMI.

As denúncias foram deflagradas no dia 23 de abril com a deflagração da Operação Sem Desconto, realizada pela Polícia Federal em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU). As investigações revelaram um esquema de fraudes que pode ter desviado mais de R$ 6 bilhões de aposentadorias e pensões entre 2019 e 2024.

Após a apresentação do pedido de CPI na Câmara, Hugo Motta demonstrou pouca disposição em colocar a investigação em funcionamento. Ele ponderou que há uma fila de 12 CPIs aguardando instalação. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ainda não falou sobre o assunto, mas os oposicionistas não apostam em sua boa vontade para levar à frente a instalação da CPMI. Por isso, o PL quer angariar mais assinaturas antes de pressionar o senador para que seja lido o pedido na próxima sessão do Congresso, marcada para o próximo dia 27 de maio.