As duas últimas décadas consolidaram a polarização entre esquerda e direita no Brasil com o aumento da identificação do eleitorado com os dois campos ideológicos.
De 2002 a 2022 e 2023, o número de brasileiros que se identificam como de esquerda subiu de 12% para 25%. Do outro lado, à direita, o quantitativo passou de 28% para 35%. O número de eleitores de centro encolheu 20 pontos percentuais, de 60% para 40%.
Essas informações fazem parte de um artigo do cientista político Lucio Rennó incluído no livro “A cabeça do brasileiro, vinte anos depois”, organizado pelo cientista político Alberto Carlos Almeida. A obra traz dados que atualizam a Pesquisa Social Brasileira (PESB), publicada inicialmente em 2002.
Duas décadas depois, Almeida reuniu um time de pesquisadores para analisar, mais uma vez, o perfil dos eleitores a um ano da eleição de 2026. Além de Rennó, colaboraram com o livro estudiosos como Andreia Schroeder, Arthur Trindade M. Costa, Fabrício M. Fialho, Julio Trecenti, Marcelo Ottoni Durante, Nelson Rojas de Carvalho, Nilson Teixeira e Stanley R. Bailey.
“Todos os países mudam em vinte anos, e o Brasil não é exceção à regra. A experiência de vida das pessoas varia em função da década em que nascem e do período em que são socializadas. Por outro lado, as visões de mundo que permaneceram inalteradas diante de tantas transformações estruturais se revestem, inegavelmente, de solidez. Talvez elas sejam mais relevantes para compreender o Brasil como ele é e será no futuro do que os valores que sofreram transformações”, afirmou Almeida.
De religião e economia a segurança pública e raça, mais de 1,6 mil pessoas responderam à pesquisa. Publicado pela Editora Difel, o livro será lançado no Rio de Janeiro em 15 de setembro, às 19h, na Livraria da Travessa de Ipanema.