Embora tenha sido um dos três ministros do Supremo Tribunal Federal a ter seu visto poupado, Luiz Fux compartilha da visão crítica à ingerência americana na Justiça brasileira.

O ministro tem sido o único na Primeira Turma do STF, onde é julgado o inquérito do golpe, a divergir pontualmente de Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

As divergências entre os ministros vieram à tona já no julgamento sobre o recebimento da denúncia contra os acusados de articular um plano para manter Bolsonaro no poder após a vitória de Lula nas eleições de 2022.

Embora a denúncia tenha sido recebida por unanimidade, Fux registrou ressalvas pontuais e sinalizou que pode acolher, ainda que parcialmente, algumas teses da defesa no julgamento do mérito.

Ele apontou, por exemplo, ser contrário à ideia de punir a tentativa de golpe como se fosse um crime consumado e defendeu que é necessário distinguir atos preparatórios de sua execução.

Além disso, em contraste com seus colegas, expressou reservas quanto à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Também defendeu que os processos deveriam ser remetidos à primeira instância ou ao plenário do STF.

Posteriormente, defendeu pena de 1 ano e 6 meses para a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, bolsonarista que escreveu com batom a frase “Perdeu, mané” na estátua da Justiça, em frente à sede do STF, durante os atos de 8 de Janeiro.

Fux considerou desproporcional a pena proposta por Moraes, que votou por condená-la a 14 anos de prisão em regime fechado. Contudo, prevaleceu o voto de Moraes.

A divergência de Fux levou Moraes a apresentar um adendo ao voto no plenário virtual da Primeira Turma, rebatendo o colega. Moraes sustentou que a situação da cabeleireira “não apresenta diferenças significativas” em relação aos 470 réus já condenados pelo STF por participação nos atos golpistas.