O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avançou mais um passo na tentativa de dar uma resposta conjunta à política tarifária imposta ao Brasil e a outros países pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na noite de segunda-feira, 11, por telefone, Lula falou por aproximadamente uma hora com o presidente da China, Xi Jinping. De acordo com informações divulgadas pelo Palácio do Planalto. “Os dois líderes trocaram impressões sobre a atual conjuntura internacional e os recentes esforços pela paz entre Rússia e Ucrânia. Ambos concordaram sobre o papel do G20 e do Brics na defesa do multilateralismo”, diz parte do texto divulgado pelo governo brasileiro.
O informe divulgado pela mídia estatal chinesa indicou apoio da China ao Brasil. Xi Jinping, segundo o relato, disse a Lula que “apoia o povo brasileiro na defesa de sua soberania nacional e apoia o Brasil na salvaguarda de seus direitos e interesses legítimos” e que “a China está pronta para trabalhar com o Brasil para estabelecer um exemplo de unidade e autossuficiência entre os principais países do Sul Global”.
O contexto da conversa de Lula e Xi Jinping é a articulação de uma resposta conjunta, incluindo o maior número de países, às medidas impostas por Trump. A ideia é construir uma posição unificada diante do que considera “ação abusiva” do governo dos Estados Unidos. Produtos brasileiros estão sujeitos a tarifa de 50%.
“Além dos Brics”
Essa articulação tem sido feita primeiramente com membros do Brics, mas fontes da diplomacia brasileira avaliam que as conversas devem extrapolar o conjunto dos países membros, devido à gravidade da crise. “O estrago feito pelos Estados Unidos no sistema multilateral de comércio foi tão grande que a resposta tem que ir além dos Brics”, avaliou uma fonte diplomática, ao PlatôBR, sob reserva.
Além de Brasil, China e Índia, integram o Brics África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Irã e Rússia. Dentro do bloco, Lula conversou nos últimos dias com o premiê da Índia, Narendra Modi, com o presidente da Rússia, Vladmir Putin, e por último com Xi Jinping. Fora do grupo, Lula se aproxima da presidente do México, Claudia Sheinbaum.
Em telefonema para Sheinbaum, Lula informou que mandaria o vice-presidente, Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços para uma missão ao país com o objetivo de incrementar a relação comercial. A viagem está marcada para os dias 27 e 28 de agosto. O governo ainda avalia a possibilidade de incluir nessa mesma missão a ida do vice-presidente aos Estados Unidos, como um esforço de diálogo.
Ainda segundo fontes diplomática, Lula defenderá a necessidade da resposta conjunta à medidas de Trump em suas próximas viagens, em setembro, para Nova York, onde vai discursar na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), e em outubro, quando vai à Indonésia, membro do Brics, à Malásia, onde o participará do encontro de cúpulas da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), bloco econômico formado por Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietnã.