Na primeira parada na viagem para a Ásia, em Jacarta, o presidente Lula disse com todas as letras que será candidato à reeleição em 2026, Nesta quinta-feira, 23, ao lado do presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, ele anunciou que disputará o quarto mandato para o Planalto.

Embora tenha abordado o assunto em outros momentos nos últimos meses, essa foi a primeira vez que Lula explicitou, sem condicionais, sua intenção de concorrer pela sétima vez à presidência. Se confirmada a candidatura, será o desempate: desde a primeira eleição, em 1989, ele venceu três disputas e perdeu três.

Na Indonésia, ganhou destaque na agenda a participação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da J&F, a holding sob a qual está a JBS, maior produtora de proteína animal do planeta. Eles estão no centro dos principais negócios em andamento com o país asiático. Ao promover as empresas do grupo, Lula reedita a política dos “campeões nacionais”, estratégia para expansão no exterior de grandes empresas brasileiras.

Marcada reunião com Donald Trump
De Jacarta, Lula seguiu para a Malásia nesta sexta-feira. A esperada reunião com Donald Trump está marcada para o início da manhã de domingo,26, horário do Brasil, em Kuala Lumpur, onde os dois vão participar como convidados do encontro de cúpula da Asean, a Associação das Nações do Sudeste Asiático. Caso não haja mudança nas agendas, será uma conversa para “cada um ouvir o que quiser e o que não quiser”, segundo as palavras do petista.

Entre os assuntos do encontro entre Lula e Trump estão tarifaço, sanções a autoridades brasileiras, ataques e ameaças dos Estados Unidos à Venezuela e à Colômbia e substituição do dólar como moeda no comércio internacional.

Adiada indicação de ministro do STF
O presidente viajou para a Ásia sem anunciar o nome que indicará para a vaga do ministro Luís Roberto Barroso, do STF. Favorito na disputa pelo cargo, o advogado-geral da União, Jorge Messias, conta com o apoio de segmentos evangélicos.

O outro concorrente é o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendido pelo pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e por uma ala do Supremo. Lula trabalhou nos últimos meses para lançar o senador ao governo de Minas Gerais no ano que vem, mas resolveu ter mais uma conversa com ele antes de confirmar a indicação para o Supremo. Continua a expectativa.

No STF, a novidade da semana foi a oficialização da transferência do ministro Luiz Fux da primeira para a Segunda Turma. Essa mudança vai mudar a correlação de forças nos dois colegiados: Fux foi o único voto contra as condenações de Jair Bolsonaro e de outros réus da trama golpista. Na primeira turma, terá as companhias de André Mendonça, Nunes Marques, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, presidente da turma, com quem se desentendeu nas últimas semanas. A Primeira Turma é presidida por Flávio Dino

Congresso patina com as medidas fiscais
Durante a semana, o Congresso pouco avançou na definição das medidas necessárias para cobrir as contas de 2025 e 2026. O governo prepara mais uma medida provisória com esse objetivo e tenta também aproveitar projetos de lei em tramitação para apressar a votação. O tempo é curto e ainda não há acordo para a aprovação dessas propostas.

O governo terá dificuldades para aprovar as medidas, que são uma reedição da maioria dos tópicos da MP 1303, que foi derrubada pela Câmara. Para a oposição, a resistência a essa pauta se transformou na principal frente de atuação contra o governo.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), demonstra empenho em ajudar o Planalto, com foco em corte de gastos e nos “devedores contumazes”. O governo prioriza as tributações de bets e fintechs.