Em paralelo à 80ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Lula se reuniu com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, nesta quarta-feira, 24, em Nova York. A reunião começou a ser preparada há mais de um mês, depois que Lula recebeu um telefonema de Vladmir Putin, presidente da Rússia, país em guerra com a Ucrânia. 

A conversa de Lula com Zelensky durou uma hora. Ao sair, o ucraniano indicou que o petista manifestou apoio a um acordo de cessar-fogo e à paz. 

O pedido da reunião partiu de Zelensky. Lula ofereceu a mediação do Brasil nos esforços pelo fim da guerra, com respaldo do grupo Amigos da Paz, que hoje reúne 12 nações do chamado “Sul Global”.

Em nota, o governo brasileiro confirmou a oferta de colaboração com o diálogo por meio do grupo e apontou que a ONU deveria ter um papel mais ativo nesse processo. O comunicado também informou que o ucraniano “agradeceu os esforços do presidente Lula de encontrar caminhos para a paz, explorando possibilidades em diálogo” com outros países. “Ao recordar a criação, por Brasil e China, do Grupo de Amigos da Paz, Lula reafirmou sua disposição de seguir contribuindo para a resolução pacífica do conflito”, diz a nota divulgada pelo Palácio do Planalto. Lula também afirmou no encontro que o primeiro passo deve ser a negociação para um cessar-fogo.

Amigos da paz
O grupo foi citado no discurso de Lula na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU, na terça, quando ele defendeu que “todos já sabemos que não haverá solução militar” no conflito na Ucrânia. “É preciso pavimentar caminhos para uma solução realista. Isso implica levar em conta as legítimas preocupações de segurança de todas as partes. A Iniciativa Africana e o Grupo de Amigos da Paz, criado por China e Brasil, podem contribuir para promover o diálogo”, apontou o presidente brasileiro.

A Iniciativa Africana é um grupo de países liderado pelo presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, para tentar atuar em negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. O Amigo da Paz foi criado em setembro do ano passado, por iniciativa da China e do Brasil, países que lançaram, em maio de 2024, o documento “Entendimentos Comuns entre a China e o Brasil sobre a Solução Política da Crise na Ucrânia” com o propósito de promover entendimentos para a conquista de uma “paz duradoura” entre russos e ucranianos.

O texto teve adesão de Argélia, Bolívia, Colômbia, Egito, Indonésia, Cazaquistão, Quênia, África do Sul, Turquia e Zâmbia. O México apoiou o comunicado, mas com ressalvas. Representantes da França, Suíça e Hungria participaram do encontro como observadores, a pedido de seus respectivos governos.

Esta foi a segunda vez que os dois presidentes se encontram para discutir a guerra. Em junho, uma tentativa de conversa havia sido feita, em Kananaskis, no Canadá, às margens da cúpula do G7, mas questões logísticas atrapalharam. O primeiro encontro entre eles ocorreu em 2023, também durante a Assembleia Geral da ONU.

Em agosto, em ligação para Lula, Putin compartilhou informações sobre a reunião que havia feito com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dois dias antes, no Canadá. O presidente russo avaliou que a conversa havia sido positiva.