A conversa telefônica entre Lula e Donald Trump na segunda-feira, 6, confirmou a disposição de reaproximação diplomática e comercial dos dois governos. A ligação teve meia hora de duração e marcou a retomada do diálogo do Brasil com os Estados Unidos. O contato foi um desdobramento do rápido encontro que eles tiveram durante a Assembleia Geral da ONU há pouco mais de duas semanas.
No telefonema, os dois presidentes relembraram a boa “química” entre os dois nas Nações Unidas e Lula pediu a suspensão do tarifaço imposto pelos EUA aos produtos brasileiros. Para continuar as negociações, Trump indicou o secretário de Estado Marco Rubio. Pelo lado do Brasil, o interlocutor será o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores).
Lula e Trump combinaram a realização de uma reunião presencial, ainda sem data e local definidos. Uma das possibilidades é que o encontro aconteça na Malásia durante a cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) no final deste mês. Com o objetivo de avançar nos termos da reaproximação, Rubio e Vieira também marcaram uma reunião, para Washington, também sem data confirmada.
Festejada no meio diplomático e nos setores produtivos, o diálogo dos dois presidentes marca uma mudança na orientação política da Casa Branca em relação ao Brasil. Nos últimos meses, o governo dos Estados Unidos atuou em parceria com o grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro para impor o tarifaço e, também, sanções a autoridades brasileiras.
Se for confirmada a retomada do fluxo comercial e diplomático dos dois países, Bolsonaro perderá seu mais importante apoio na tentativa de reverter a condenação a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. Como última esperança, seus aliados apegam-se ao fato de Rubio ser alinhado com a extrema-direita e que, por isso, seria um obstáculo às negociações. Pelo tom da conversa de Lula com Trump, a tendência é que a expectativa do ex-presidente seja frustrada.
Câmara derruba MP dos impostos e impõe dura derrota ao Planalto
A Câmara derrotou o governo na quarta-feira, 8, e enterrou a MP 1303, que tributava aplicações financeiras, bets e outras atividades econômicas. Com um placar de 251 votos a 193, o Centrão e a oposição retiraram a medida provisória da pauta no último dia de validade. Com isso, o Ministério da Fazenda terá buscar novas fontes de receita e efetuar cortes de gastos para tapar o rombo de R$ 30 bilhões nas contas de 2025 e 2026.
A derrubada da MP representou um duro revés para o governo. Entre as razões da derrota estão a insatisfação dos deputados com a rejeição da “PEC da Blindagem” e uma disputa entre a Câmara e o Senado em torno dessa pauta.
O embate entre as duas casas também tensiona a tramitação do projeto de isenção de Imposto de Renda para quem tem rendimentos de até R$ 5 mil mensais. Aprovada pela Câmara, a proposta seguiu para o Senado e será relatada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário na política alagoana do deputado Arthur Lira (PP-AL), que relatou o texto na Câmara.
A escolha de Renan pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), representou mais um capítulo dessa briga com a Câmara. Nas últimas semanas, Renan acusou Lira de fazer “chantagem” com o governo para aprovar o projeto.
Barroso anuncia saída antecipada do Supremo
O ministro Luís Roberto Barroso anunciou na quinta-feira, 9, que vai antecipar a saída do STF. Em discurso emocionado, ele afirmou que, depois de 12 anos no Supremo, chegou o momento de tomar novos rumos. A decisão foi tomada menos de duas semanas depois de deixar a presidência da corte.
Com o gesto de Barroso, Lula terá mais uma vaga para preencher no tribunal. Os nomes mais cotados são do advogado-geral da União, Jorge Messias, do ministro do TCU Bruno Dantas e do senador Rodrigo Pacheco.
Patrocinado por Trump, avança acordo entre Israel e Hamas
O governo de Israel e o grupo Hamas anunciaram a realização de um acordo para encerrar a guerra na Faixa de Gaza. O entendimento é patrocinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e teve como primeira consequência um cessar-fogo iniciado nesta sexta-feira, 10.
O acordo avançou na mesma semana que foi libertado o grupo de brasileiros detido por forças policiais israelenses na flotilha internacional que levava ajuda humanitária para Gaza. Eles retornaram ao Brasil na quinta-feira, 9, depois de alguns dias presos em Israel.