A temperatura subiu na política com a reação do Congresso ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) determinado pelo Ministério da Fazenda. Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, David Alcolumbre (União-AP), se posicionaram com veemência contra o decreto que elevou o imposto e ameaçaram revogá-lo com a aprovação de um decreto legislativo.
Pressionado pela necessidade de cumprir as regras do arcabouço fiscal, Fernando Haddad teve uma semana dura, com negociações tensas, em busca de uma saída. Em um jantar com Motta e Alcolumbre na noite de quarta-feira, 28, o ministro recebeu um prazo de dez dias para apresentar uma alternativa à elevação das alíquotas do IOF.
Pelo momento político, esse episódio se torna um ponto crucial para Lula. A resistência ao aumento do imposto é puxada pelo Centrão, não pela oposição. Alcolumbre falou até que o governo estaria “usurpando” atribuições do Congresso. Motta disse que o Executivo “não pode gastar sem freio e depois passar o volante para o Congresso segurar”.
Se o grupo que comanda o Parlamento derrotar o Planalto, é um sinal de que seus líderes querem enfraquecer o governo para a próxima sucessão presidencial. Estariam, portanto, reforçando a oposição. Em outra direção, se for encontrada uma saída para a Fazenda cumprir o arcabouço fiscal, indicariam a intenção de manter as boas relações até 2026, mesmo sem amarrar alianças eleitorais.
Hábeis na política, e eleitos com votos do governo e da oposição, Motta e Alcolumbre costumam jogar para os dois lados. Nas primeiras discussões sobre o IOF, os dois prontamente tomaram o lado dos adversários do governo. Os próximos passos vão ajudar a entender o rumo que pretendem tomar.
Atacada no Senado, Marina Silva deixa sessão
A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) deixou uma sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado na terça-feira, 27, depois de ser atacada por parlamentares da oposição e, até, da base governista. Os mais agressivos foram o presidente do colegiado, Marcos Rogério (PL-RO), que mandou a ministra “se pôr em seu lugar”, e Plínio Valério (PSDB-AM), que disse que a respeitava “como mulher”, mas não “como ministra”. Apoiador do governo, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que Marina “está atrapalhando” o desenvolvimento do país pela demora no asfaltamento da BR-319, que liga Porto Velho a Manaus.
Na audiência, a ministra falou sobre a criação de unidades de conservação, assunto que se relaciona com as discussões em torno da exploração de petróleo na Margem Equatorial. Ela decidiu abandonar a comissão depois que Valério não aceitou pedir desculpas por dizer que não a respeitava como ministra. Marina disse que estava lá “como mulher e como ministra”.
Depois dos ataques, o Planalto saiu em defesa de Marina e Lula ligou para ela para prestar solidariedade. Apesar dos afagos, a ministra vive certo isolamento no governo, com adversários em áreas a criticam por segurar projetos que interferem no Meio Ambiente. Mesmo no PT, o apoio à ministra é pouco efusivo.
Por causa dos ataques, Marina estuda entrar na Justiça conta Rogério e Valério.
Mesmo com juros altos, economia apresenta números positivos
A semana foi de divulgação de números positivos para a economia brasileira. Nesta sexta-feira, 30, o IBGE anunciou um crescimento de 1,4% do PIB do primeiro trimestre de 2025 em comparação ao quarto trimestre de 2024, e de 2,9%, em relação ao mesmo período do ano passado.
O acumulado de um ano ficou em 3,5%. O aumento foi puxado, principalmente, pela agropecuária, que subiu 12,2%. Esses dados confirmam a tendência observada por analistas, que nas últimas semanas passaram a revisar as estimativas.
Na quinta, o IBGE já tinha divulgado a taxa de desemprego no Brasil, que ficou em 6,6% no trimestre terminado em abril, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. O índice representa a menor taxa no período desde o início da série histórica, em 2012.
Antes, na terça, saíram os dados da inflação medida pelo IPCA-15, que subiu 0,36% em maio, índice menor do que os 0,43% de abril, e do que os 0,44% de maio do ano passado.
Pesquisa AtlasIntel mostra aumento da desaprovação de Lula
Apesar dos bons números na economia, a popularidade do presidente continua em queda. Pesquisa da AtlasIntel divulgada nesta sexta-feira, 30, mostra que a desaprovação de Lula chegou a 53,7% em maio, 3,6 pontos percentuais acima do índice de abril. É a pior avaliação do petista este ano. A aprovação está em 45,5%.
Essa é a primeira pesquisa divulgada depois da eclosão do escândalo do INSS.