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Mariana: o novo lance na briga judicial de municípios com mineradoras na Inglaterra

Justiça do Reino Unido mandou instituto que representa mineradoras desistir de pedido ao STF para suspender contratos de municípios com escritórios de advocacia estrangeiros

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

A Justiça do Reino Unido determinou que o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) retire um pedido feito ao STF que pretende suspender contratos entre municípios brasileiros e escritórios de advocacia estrangeiros no âmbito de processos no exterior sobre o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. Tramita em Londres uma ação de 46 municípios contra as mineradoras Vale e BHP.

A decisão prevê que o Ibram reconheça ao STF que, se o pedido da instituição for atendido pelo Supremo antes da conclusão do processo inglês, poderia haver “prejuízo grave e irremediável” à capacidade de os municípios participarem da ação, “em violação ao seu direito a um julgamento justo”. Ainda cabe recurso contra essa decisão e haverá uma audiência na Justiça britânica para tratar dela em 15 de abril.

Em 22 de fevereiro, o Ibram pediu ao STF que seja suspensa a eficácia de todos os contratos entre as cidades envolvidas no processo inglês e escritórios estrangeiros. Os municípios são defendidos na ação pela banca inglesa Pogust Goodhead.

A mesma petição do Ibram pretendia que fossem suspensas cláusulas nesses contratos que autorizem a cobrança de valores dos municípios em caso de acordo com as mineradoras no Brasil ou desistência do processo na Inglaterra.

O Ibram alega que, em caso de acordo ou desistência, os escritórios vão cobrar dos municípios honorários de 20% e taxas básicas. O órgão afirma que esse é o motivo pelo qual as cidades resistem a fechar um entendimento com as mineradoras no Brasil.

Depois de praticamente dez anos sem uma solução, o governo Lula assinou no final do ano passado um acordo que prevê R$ 170 bilhões em indenizações e compensações para as áreas atingidas.

Em outubro de 2024, Flávio Dino atendeu a um pedido do Ibram na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) número 1178 do STF e proibiu o pagamento de honorários de êxito a escritórios estrangeiros no processo inglês. A decisão de Dino foi mantida por sete votos a três no plenário do Supremo.

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