Marina Silva, desta vez, chegou preparada para o confronto com a oposição no Congresso. Se, na audiência do Senado, em maio, a ministra parecia sozinha, nesta quarta-feira, 2, ela chegou com um batalhão de 20 deputados de esquerda. E disse que rezou muito para ter calma porque sabia que, na Câmara, as ofensas seriam ainda mais pesadas.

Estava certa. Além de ouvir que era “adestrada” e que deveria pedir demissão, Marina foi comparada a integrantes de grupos armados, considerados terroristas, como Hamas, Hezbollah e Farcs. A ministra teve paciência e respondeu com firmeza. Não se levantou da sessão, como no Senado. Aguentou até o final de quase sete horas de inquirição, que tratou pouco do tema proposto, uma rodovia construída no Pará, e teve de ouvir até sobre a amizade do Brasil com o Irã e com a Rússia. Nada a ver com sua pasta.

“Eu queria citar Einstein. Ele dizia o seguinte: há duas coisas que são infinitas: o universo e a estupidez. Sobre a primeira tem dúvidas”, disse o deputado Ivan Valente, do Psol de São Paulo, para defender a ministra, sua companheira desde os tempos de PT, e atacar os bolsonaristas. Ivan foi um dos que falaram em apoio a Marina.

À coluna, o deputado disse que, no frigir dos ovos, a ministra saiu-se bem:

“Foi uma grosseria, uma estupidez, um monte de fake news. Marina foi muito bem. Ela teve resiliência, calma. Estava preparada porque não havia o elemento surpresa, como no Senado. E, hoje, eles [a direita] não esperavam o movimento da esquerda. Eles falaram muito no começo, mas tiveram de ouvir muito depois.”