Enquanto o STF (Supremo Tribunal Federal) entra na reta final do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), com a expectativa de uma condenação na sexta-feira, 12, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu colocar os trabalhos em modo remoto. Com isso, ele tenta evitar que a Casa se torne, como na semana passada, palco das articulação da oposição e dos embates com o governo.
O trabalho remoto foi um sinal para a oposição e para o governo de que a discussão da anistia deve mesmo ficar para depois do julgamento. Motta manteve a reunião de líderes, mas transferiu o encontro para a residência oficial, fora do ambiente do Congresso.
O presidente da Câmara pretende colocar a anistia em compasso de espera para evitar a repetição da agitação da semana passada, em boa parte provocada pelas negociações em favor da anistia, conduzidas em Brasília pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. A oposição insiste em que a proposta de anistia ampla para crimes contra a democracia, retroativa a 2019, seja pautada a qualquer momento. O governo tenta evitar que o assunto chegue ao plenário, pois avalia que o texto pode ser aprovado.
O Centrão também prefere adiar a discussão sobre anistia. Mesmo entre os que são favoráveis ao projeto, existe preocupação com a repercussão negativa dos votos contra a punição dos condenados. O governo pressiona para que, se a anistia for pautada, que seja em votação nominal, e não de forma simbólica. Desse jeito, os parlamentares terão seus votos registrado pelo painel.
Imposto de Renda
Com os trabalhos remotos, a expectativa do governo é de que a votação da proposta que altera a cobrança do Imposto de Renda fique para a próxima semana. Motta designou o deputado Arthur Lira (PP-AL) para relatar no plenário a matéria, prioridade do Planalto. Com esse gesto, sinalizou que está disposto a concluir a apreciação do tema, mas não marcou data para a votação. As previsões, indicam que entrará na pauta somente a medida provisória da tarifa social na conta de luz, que tem prazo para votação nas duas casas no dia 17 de setembro.
Na segunda-feira, 8, o governo saiu otimista da reunião com 11 ministros do Centrão. A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) cobrou lealdade para a aprovação do projeto que, entre outros pontos, isenta da cobrança do Imposto de Renda as pessoas que ganham até R$ 5 mil.