Eram 9h21 quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado da primeira-dama Janja, desembarcou do Rolls-Royce presidencial para acompanhar o desfile de 7 de setembro no palanque montado na Esplanada dos Ministérios. A solenidade seguiu o protocolo tradicional, mas o ambiente ao redor mostrou que o Planalto aproveitou a oportunidade para acionar mais uma vez o “modo propaganda” adotado nas agendas de Lula nas últimas semanas.
A divulgação dos programas do governo foi explícita. Logo no início do desfile, passaram em frente ao palanque as alas dedicadas ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) — apresentado como “o maior da história” — à COP (Conferência do Clima) e ao SUS.
O tom de campanha se estendeu às arquibancadas, onde apoiadores gritaram “sem anistia”, “Brasil soberano” e “Lula guerreiro do povo brasileiro”. O ministro Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência), circulou pela área antes da abertura oficial, cumprimentando o público e fazendo o gesto de “L” com a mão.
O 203º Dia da Independência também teve referências nacionalistas, reforçadas pelo confronto com os Estados Unidos em torno das sanções aplicadas contra o Brasil. Uma das alas carregou uma bandeira de 140 m2 do Brasil, seguida de outra menor, com a inscrição “Brasil soberano”. Bonés com a mesma mensagem foram distribuídos para o público.
Marcaram presença no palanque o vice-presidente, Geraldo Alckmin, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e por grande parte da equipe de ministros. Entre eles, André Fufuca (Esportes) e Celso Sabino (Turismo). Os dois são pressionados por seus partidos, PP e União Brasil, a deixarem seus cargos.
Os ministros do STF não compareceram. Evitaram assim se expor ao lado de Lula e das outras autoridades no meio do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos outros sete réus do núcleo central da trama golpista. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), também não esteve no desfile em Brasília.
Manifestação bolsonarista
Com o diferencial de acontecer no meio do julgamento dos acusados de tentar um golpe de Estado, o 7 de Setembro teve também em Brasília uma manifestação em defesa de Bolsonaro. Enquanto o desfile passava pela Esplanada dos Ministérios, apoiadores do ex-presidente se reuniram perto da Torre de TV. De modo geral, repetiram as bandeiras de anistia para os réus da tentativa de golpe e impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes.
O ex-presidente se encontra em prisão domiciliar em um condomínio em Brasília e a sentença deve ser anunciada pela Primeira Turma do STF na sexta-feira, 12.