O ministro Alexandre de Moraes começa a interrogar nesta quinta-feira, 24, os militares do alto comando das Forças Armadas e os membros das forças especiais, os chamados “kids pretos”, acusados de liderarem a trama golpista ao lado de Jair Bolsonaro.

O interrogatório dos réus é o último ato da fase de instrução dos processos penais, em que acusação e defesas produzem provas e o juiz ouve testemunhas e acusados. Encerrada essa etapa, começa a fase de conclusão, em que a Procuradoria-Geral da República pede a condenação dos réus e os advogados apresentam as alegações finais, para que então os ministros deem a sentença.

O pacote de ações penais contra Bolsonaro e aliados foi dividido em quatro processos pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. Ao todo são 32 réus. Eles foram acusados pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Bolsonaro foi interrogado em 9 de junho, na ação penal contra o núcleo 1, considerado o crucial da trama. Gonet pediu uma pena de 43 anos de prisão para o ex-presidente – é a pena máxima. Nesse grupo está também o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o ex-diretor da Abin e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-SP).

Nesta quinta feira, 24, o STF vai interrogar os integrantes dos núcleos 2 e 4. Neles estão os acusados de planejar o golpe e elaborar a minuta do decreto de intervenção militar, além de militares e assessores que propagaram notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral para incentivar o golpe e convencer o comando do Exército a colocar a tropa armada nas ruas. Um dos réus é o ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques, que teria usado a estrutura da corporação para beneficiar Bolsonaro.

Os “kids pretos”, que teriam planejado sequestrar e até matar autoridades, entre eles Moraes, serão interrogados na segunda-feira, 28. A data foi definida nesta quarta-feira, 23, pelo ministro. Integrantes do núcleo 3, eles são acusados de serem responsáveis pelas ações táticas de campo, como monitoramento dos alvos e atentados. Os interrogatórios serão transmitidos ao vivo pela TV Justiça.