Ao dar 24 horas para que a Polícia Penal do Distrito Federal explique o porquê da demora em levar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) de volta para casa, após o procedimento médico realizado no hospital DF Star, no domingo, 14, o ministro do STF Alexandre de Moraes deixou claro que, depois da condenação, a situação mudou.
O ministro não quer permitir que o ex-presidente, por meio de aparições públicas, comece a arregimentar seus apoiadores em um movimento pela sua liberdade ou mesmo contra a inelegibilidade, já decidida pela Justiça Eleitoral.
Bolsonaro investe em contatos com seguidores como uma forma de se colocar como vítima do sistema, que, em sua própria avaliação, quer deixá-lo fora da disputa eleitoral de 2026. Nos dias do julgamento, por exemplo, o presidente fez questão de posar para a imprensa, na frente de sua casa, onde está em prisão domiciliar.
A ideia antissistema é reforçada pelo PL, que continua colocando Bolsonaro no centro da decisão sobre qual será o candidato do campo da direita. O objetivo é manter cativo o eleitorado da faixa mais radical para fortalecer o ex-presidente nas negociações para a formação de uma chapa presidencial no ano que vem.
Moraes também fez questão de controlar a atuação política de Bolsonaro ao estabelecer datas específicas para encontros com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, ou com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nome mais cotado para receber o aval do ex-presidente na corrida pelo Planalto em 2026.
A defesa de Bolsonaro pediu que os encontros fossem semanais. O ministro autorizou as visitas, mas determinou dias específicos – ou seja, fora da lógica política da construção dos acordos para a candidatura. Tarcísio, por exemplo, só poderá se encontrar com Bolsonaro daqui a duas semanas, no dia 29. Valdemar foi autorizado a visitá-lo na noite desta segunda-feira, 15.
Alexandre de Moraes pretende evitar que cresçam vigílias, acampamentos e manifestações bolsonaristas que possam instigar violência contra a corte e perturbar julgamentos futuros.
A condição imposta pelo ministro deve persistir até que o acórdão do julgamento seja publicado e que sejam encerrados os recursos da defesa do ex-presidente. A partir de então, Bolsonaro passará finalmente a cumprir a pena de 27 anos e 3 meses de prisão a que foi condenado.