Foram sóbrias as reações dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), à ocupação das mesas diretoras das duas casas nesta terça-feira, 5, por parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Isso não quer dizer que haverá condescendência com os responsáveis pelos atos que obrigaram os dois chefes do Legislativo a cancelarem as sessões e convocarem reunião com todos os líderes para esta quarta-feira, 6.
Tanto Motta quanto Alcolumbre disseram a interlocutores que não pretendem atender à pressão do grupo que atua para impedir a condenação do ex-presidente. Os dois se irritaram com o fato de os bolsonaristas quererem impor uma pauta ao Congresso. Esse comportamento barra qualquer negociação que permita aprovar projetos de interesse do país, avaliam.
Pautas como a anistia dos condenados pela tentativa de golpe de Estado e o impeachment de ministros do STF já estiveram muito mais em alta no Congresso. Hoje, o PL é partido mais envolvido com a defesa dessas propostas. Nas demais legendas que compõem a oposição, esse engajamento é menos expressivo. Com o acirramento dos ânimos provocado pela prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, essas bandeiras são levantadas com mais entusiasmo por seus seguidores mais fervorosos, como os que tomaram conta das mesas diretoras.
“Espírito de cooperação”
Alcolumbre condenou a interdição das mesas diretoras da Câmara e do Senado, classificada por ele de “exercício arbitrário das próprias razões” e de um ato “inusitado” e “alheio aos princípios democráticos”. O presidente do Senado também fez um apelo à moderação dos parlamentares. “Faço, portanto, um chamado à serenidade e ao espírito de cooperação. Precisamos retomar os trabalhos com respeito, civilidade e diálogo, para que o Congresso siga cumprindo sua missão em favor do Brasil e da nossa população”, afirmou o presidente do Senado.
Motta evitou entrar em choque nas redes sociais com os responsáveis pelos atos e também indicou o caminho da pacificação no Congresso. Disse ter acompanhado o movimento dos defensores de Bolsonaro desde as primeiras horas do dia. Ele evitou nominar – ou definir – o ato. Chamou a ocupação de “o que vem acontecendo agora à tarde no plenário” da Câmara. “Determinei o encerramento da sessão do dia de hoje e amanhã (esta quarta-feira, 6) chamarei reunião de líderes para tratar da pauta, que sempre será definida com base no diálogo e no respeito institucional. O Parlamento deve ser a ponte para o entendimento”, disse Motta.