O Ministério Público Eleitoral apontou, na última quinta-feira, 13, R$ 1,8 milhões em irregularidades nas contas do Republicanos em 2023. O órgão afirmou que existem indícios de uso de verbas públicas do partido para custear despesas da Fundação Republicana Brasileira (FRB), instituição sem fins lucrativos mantida pelo partido.

Ao Tribunal Superior Eleitoral, o MP disse que o Republicanos também pagou despesas administrativas da sigla com dinheiro destinado ao incentivo de participação feminina em eleições. O parecer também afirma que houve repasse indevido a diretórios que estavam impedidos de receber dinheiro do fundo eleitoral.

Presidido pelo deputado federal Marcos Pereira, o Republicanos tem como seus principais nomes o presidente da Câmara, Hugo Motta, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, cotado para a disputa presidencial em 2026 com possível apoio de Jair Bolsonaro.

O Republicanos, segundo o MP Eleitoral, destinou verba do fundo partidário para comprar um imóvel em Brasília, por R$ 8,5 milhões, onde funciona a Faculdade Republicana, que é vinculada à Fundação Republicana.

“A documentação apresentada demonstra que é feito um rateio das despesas entre o partido, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), a Fundação Republicana Brasileira e a Faculdade Republicana, que funcionariam no mesmo imóvel. Ao examinar as despesas a seguir indicadas, o MPE identificou que os relatórios de atividades fazem menção à execução de trabalhos em prol da Faculdade Republicana, instituição de ensino mantida pela Fundação Republicana Brasileira”, aponta o parecer.

O MP Eleitoral também aponta o gasto sem discriminação de verba eleitoral para hospedagens, passagens de avião e “gastos extras em hospedagens”, como consumo de frigobar.

O órgão pediu no parecer a reconsideração de uma decisão do TSE que pedia uma análise separada das contas do Republicanos e da Fundação Republicana Brasileira. O MP Eleitoral afirmou que a junção da análise de contas é necessária devido às despesas conjuntas.

A coluna procurou o Republicanos, mas não houve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço continua aberto para manifestações.