O Ministério Público do Paraná pediu à Justiça a cassação do prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, do PSD, e do vice dele, Paulo Martins, do PL. A manifestação do MP, que aponta abuso de poder político e de autoridade na eleição de 2024, teve como base a revelação, feita pela coluna, de que servidores da Prefeitura de Curitiba foram coagidos a doar para a campanha de Pimentel no ano passado. O caso ocorreu na gestão do ex-prefeito Rafael Greca, do PSD, aliado do atual prefeito e um de seus principais cabos eleitorais (à direita na foto abaixo).

Um áudio publicado pela coluna em 1º de outubro de 2024 mostrou que o superintendente de Tecnologia da Informação da prefeitura, Antônio Carlos Pires Rebello, disse aos servidores que eles teriam que comprar convites de R$ 3 mil para um jantar da campanha, que aconteceu em 3 de setembro. As transferências, segundo o áudio, deveriam ser para o Pix do PSD.

Rebello orientou que os servidores fizessem o repasse por contas bancárias de parentes ou amigos próximos, para que não fossem identificados. Ele disse ainda que o esquema era “ajuda para a campanha” e que seria “melhor do que fazer caixa 2”. O funcionário ainda alegou que o repasse não seria ilegal, mas foi questionado por servidores: “É ilegal porque vocês estão nos obrigando a fazer a doação”, afirmou um deles.

Os convites, segundo o áudio, tinham valores diferentes de acordo com os níveis de gratificação dos servidores. Na gravação, Rebello citou três “preços”: R$ 3.000, R$ 1.500 e R$ 750.

Os servidores questionaram o superintendente de Tecnologia se “comprar o convite” garantiria o cargo e a função gratificada, caso Pimentel fisse eleito. Rebello respondeu que nada seria garantido, mas que “ajuda a continuar”.

Em um dado momento da reunião, um servidor disse que não pagaria o montante. O servidor disse, aos prantos, que não dispunha de valores como aquele. O superintendente de Tecnologia da prefeitura, responsável pela coação, disse, então, que todos tinham problemas e que não iria mais discutir com o servidor porque senão iria “demiti-lo”.

Rebello foi exonerado depois da publicação da reportagem da coluna.

Para a promotora eleitoral Cynthia Maria de Almeida Pierri, “a rápida exoneração do investigado Antônio Rebello, logo após a divulgação dos fatos, constitui forte indício da veracidade e gravidade da conduta a ele imputada, sendo uma admissão tácita, pela administração, da irregularidade ocorrida”.

Na mesma manifestação em que pediu a cassação do prefeito e do vice de Curitiba, o MP defendeu que Eduardo Pimentel, Martins, Greca e Rebello fiquem inelegíveis.