Um estudo feito pelo Núcleo de Integridade da Informação, da agência de publicidade Nova, revelou que mais da metade das menções à denúncia apresentada por Paulo Gonet sobre uma tentativa de golpe de Estado no Brasil são compostas por desinformação e ataques à PGR. A agência é uma das que atendem a conta da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.
De acordo com o levantamento, 52% das publicações analisadas em redes sociais entre os dias 18 (quando a denúncia foi apresentada) e 20 de fevereiro continham desinformação ou narrativas distorcidas sobre o tema. Se forem consideradas só as postagens a favor de Bolsonaro, esse número chega a 94%.
A coluna teve acesso ao relatório do núcleo de integridade, que analisou 7.896 postagens que continham as palavras Gonet ou PGR. O relatório identificou que influenciadores digitais de grande visibilidade e políticos da oposição foram os principais responsáveis por impulsionar a disseminação de desinformação sobre o caso, como os irmão Carlos e Flávio Bolsonaro, que afirmaram que a denúncia visa tirar o pai das eleições de 2026.
O estudo aponta que o debate nas redes sociais se dividiu entre os que defendem a denúncia da PGR, os que a contestam e um grupo neutro que apenas repercutiu a notícia. Entre os posts originais analisados, 313 eram favoráveis à denúncia, 209 contrários e 461 mantinham um tom informativo.
No entanto, o impacto da desinformação foi amplificado pelo alto volume de compartilhamentos de postagens falsas. Entre os principais argumentos propagados estavam a acusação de que a denúncia faria parte de uma estratégia para impedir uma futura candidatura do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2026.
Na semana passada, a coluna mostrou como, assim que a denúncia foi divulgada, os usuários alinhados à esquerda venciam a disputa de narrativas. Mas parece que esse é um grupo que não ganha tração para se manter à frente na guerra de narrativas e acaba engolido pelas ações mais coordenadas da direita nas redes sociais.