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No governo de Tarcísio, polícia paulista mata 62,89% mais

Região de Santos, no litoral paulista, foi a que registrou maior crescimento no número de mortes. Dados foram compilados pela Ouvidoria das forças de segurança

Tarcísio de Freitas, Guilherme Muraro Derrite
Foto: Marcelo S. Camargo/Governo do Estado de SP

Foco de uma crise no governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), a violência policial tem colocado o governador e seu secretário de Segurança Pública (SSP), Guilherme Derrite, contra as cordas. Para além dos casos como o do homem atirado de uma ponte e outro executado pelas costas, os números levantados pela Ouvidoria das Polícias de São Paulo aponta que a letalidade policial na gestão de Tarcísio aumentou 62,89%, saltando de 415 mortes em 2022 para 676 em 2024, com dados registrados até outubro passado.

O PlatôBR teve acesso exclusivo aos dados desse levantamento (veja abaixo), que mostra que o ponto mais crítico está na região de Santos, onde houve um crescimento de 207% no número de mortes causadas por ações da polícia. Em 2022, no governo de Rodrigo Garcia (PSDB), a SSP registrou 42 mortes, o número se manteve o mesmo em 2023, mas explodiu este ano, com confrontos e operações policiais extremamente violentas, que resultaram em 129 mortes. Os dados foram compilados pela Ouvidoria, mas são das delegacias da própria SSP.

Em Araçatuba, o índice cresceu 150%, de 4 mortes para 10. Em Bauru, o crescimento foi de 125%, de 8 para 18 mortes. Em São José dos Campos, os números cresceram 106%, de 15 para 31 vítimas. Apenas duas regiões mostraram decréscimo: Presidente Prudente (-30%) e Ribeirão Preto (-13%).

Na capital paulista, onde ocorreram os dois casos recentes de um policial que matou um homem pelas costas e outro que jogou um motociclista de uma ponte, o número aumentou 32%, de 156 mortes em 2022 para 206 em 2024. Já na Grande São Paulo, o crescimento foi de 48% (de 81 para 120 óbitos).

“Seria leviano da minha parte se eu não atribuísse esse crescimento da letalidade da violência policial no estado de São Paulo ao comportamento do secretário de Segurança Pública e toda a sua cúpula, que não tem receio de ordenar que a polícia faça uso da força", afirmou ao PlatôBR o ouvidor das polícias, Claudinho Silva. Procurado pela reportagem, o secretário não respondeu ao pedido para comentar os dados e a acusação do ouvidor.

Representante de movimentos sociais, Silva foi nomeado para o posto em dezembro de 2022 por Rodrigo Garcia. Ele estende a crítica ao governador Tarcísio e aos sinais dos comandantes das tropas, que, para ele, têm dado autorização para as ações em São Paulo.

“O governador dá suporte para o secretário de Segurança, o defende, diz que está fazendo um ótimo trabalho, o melhor trabalho que precisa ser feito e ainda fala ‘tô nem aí para quem vai reclamar na ONU’. Isso tudo abastece a mente desses policiais e os coloca na condição de que podem fazer o que quiserem fazer, que a impunidade está garantida”, diz o ouvidor.

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