Cobertos por bandeiras do Brasil estampadas com a assinatura do ex-presidente Jair Bolsonaro, deputados da oposição interromperam o recesso parlamentar para realizar uma reunião na Câmara nesta segunda-feira, 21, e, ao final, conceder uma entrevista coletiva. Além de reafirmarem apoio a Bolsonaro e atacarem o STF (Supremo Tribunal Federal), os parlamentares anunciaram uma série de ações para o segundo semestre, incluindo a criação de comissões internas para pressionar o Congresso e articular manifestações pelo país em favor do ex-presidente.

O principal porta-voz da entrevista foi o líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), que afirmou que a oposição vai manter as mobilizações durante o recesso. “Temos três linhas de atuação: vamos alinhar nossa comunicação para dar voz ao presidente Bolsonaro, reforçar mobilizações internas no Congresso para garantir votação das nossas pautas e mobilizar a sociedade para denunciar os abusos que estão acontecendo no país”, disse, destacando que o grupo não pretende abrir mão da pauta da anistia para os investigados e condenados pelo 8 de Janeiro.

Sóstenes Cavalcante detalhou a criação das três comissões internas para organizar as ações da oposição: a primeira, dedicada à comunicação e liderada pelo deputado Gustavo Gayer (PL-GO); a segunda, voltada às mobilizações no Congresso, sob coordenação do deputado Cabo Gilberto (PL-PB); e a terceira, para organizar manifestações pelo Brasil afora, comandada pelos deputados Zé Trovão (PL-SC) e Rodolfo Nogueira (PL-MS).

O líder do partido de Bolsonaro também convocou a militância para atos de rua, mencionando a mobilização marcada para o dia 3 de agosto. “Vamos ocupar as ruas para ser a voz do presidente Bolsonaro”, disse. Segundo o deputado, o objetivo é mostrar força política e pressionar a cúpula do Congresso a dar andamento às pautas defendidas pelo grupo – a da anistia, por exemplo, está emperrada há algum tempo.

No discurso, Sóstenes também responsabilizou o governo Lula pela crise com os Estados Unidos após o presidente Donald Trump anunciar que pretende impor tarifas de 50% sobre a importação de produtos brasileiros. O deputado acusou o Planalto de abandonar o diálogo com o governo norte-americano. “Quem resolve o problema da tarifa é quem governa o país, não a oposição, não o presidente Bolsonaro”, afirmou. Ele disse que há mais de 60 parlamentares respondendo a processos no Supremo e que parte da mobilização terá como foco “resgatar o equilíbrio entre os poderes”.

A reunião do PL em pleno recesso parlamentar contou com a presença de mais de 50 deputados e apenas dois senadores: Damares Alves (Republicanos-DF) e Magno Malta (PL-ES). As siglas PL, Republicanos, Progressistas, PSD, União Brasil e Novo estavam representadas. Em rápida fala, Damares acusou o Supremo de violar os direitos humanos e defendeu o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Ela prometeu que essa será a pauta principal do Senado no próximo semestre.

No fim do encontro, Bolsonaro deixou a sala da liderança do PL e atravessou o Salão Verde da Câmara, já rumo à saída principal do Congresso. A movimentação acabou em empurra-empurra entre parlamentares, assessores e seguranças. Uma mesa de vidro projetada por Oscar Niemeyer e sua filha, Anna, foi quebrada em meio à confusão. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) sofreu um corte no rosto durante o tumulto. Na saída, Bolsonaro levantou a barra da calça e mostrou a tornozeleira eletrônica, dizendo: “Isso aqui é o símbolo da humilhação. (…) o que vale para mim é a lei de Deus”.