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Nova diretoria do BC ganhou quatro meses para mostrar a que veio

Com sinalização de altas em janeiro e março de 2025, início do mandato de Galípolo como presidente vira uma extensão da gestão de Campos Neto

Reprodução
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A decisão do Banco Central de já deixar no radar do mercado a possibilidade de duas altas de juros, de um ponto percentual cada, em janeiro e em março de 2025, dará à nova diretoria da instituição quatro meses para construir credibilidade junto ao mercado financeiro.

A partir de 1º de janeiro, das nove cadeiras que integram a diretoria colegiada atual do BC, quatro serão renovadas. Começa o mandato de Gabriel Galípolo como presidente no lugar de Roberto Campos Neto e de outros três diretores: Nilton David (Política Monetária), Gilneu Vivan (Regulação) e Izabela
Correa (Relacionamento e Cidadania).

Apesar de nessa lista, apenas Nilton ser novato, já que os outros dois são funcionários de carreira e Galípolo é o atual diretor de Política Monetária, a nova equipe precisará construir credibilidade junto ao mercado financeiro, especialmente após o mandato de Roberto Campos Neto. A gestão dele foi marcada como sendo um contraponto ao PT e ao próprio presidente Lula.

Ambos passaram os últimos dois anos reclamando publicamente da atuação do BC e de Campos Neto. Como o comitê que define o tamanho dos juros no país (Copom) já anunciou o que poderá fazer nas reuniões de janeiro e de março, caso o cenário econômico não melhore, a decisão seguinte só terá que ser tomada em maio, segundo calendário das reuniões já definido.

Assim, a leitura da decisão do BC dessa quarta-feira, 11, quando os juros subiram para 12,25% ao ano, foi que o início da gestão Galípolo será uma continuidade de Campos Neto, pelo menos até que o novo colegiado mostre a que veio.

“Existe uma questão de credibilidade, sem dúvida, até que a gente pegue um espaço de tempo bom só com a diretoria nova, que começa agora”, afirma Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central e sócio da gestora de recursos Mauá Capital. Segundo ele, a decisão do Copom foi “surpreendende”, mas necessária. “Foi bem dura, mas com o que aconteceu, o BC tinha que ser firme”. Figueiredo destaca que há ainda outras variáveis em jogo para conseguir levar a inflação para o centro da meta, entre elas o cenário internacional e a nova configuração mundial com Donald Trump assumindo a presidência dos EUA.

Atualmente, o IPCA acumulado está em 4,87%, acima do teto de 4,5% e há muitas incertezas no ar. O governo perdeu o gerenciamento das expectativas após a estratégia a desastrosa de divulgação do pacote com medidas de contenção de despesas públicas. Nas últimas semanas, a desarticulação política com o Congresso jogou mais gasolina na fogueira. A decisão do BC nessa quarta-feira, 11, foi um freio de arrumação e contribuir para levantar a moral da equipe econômica, mas antes do ano encerrar, ainda há, pelo menos, uma semana de negociações com Congresso que serão decisivas.

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