O deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) foi escolhido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para relatar a CPI mista que vai investigar o escândalo do INSS. A indicação reforça a proximidade política entre os dois, construída desde o início do mandato de Ayres. Em 2023, recém-chegado ao Congresso, ele já havia sido nomeado vice-líder do Republicanos por Motta, função que ocupa desde então.
A CPI mista do INSS é uma das principais bandeiras da oposição para enfraquecer o governo federal. O PL, que iniciou a coleta de assinaturas para instalar a comissão, esperava ficar com a relatoria, mas acabou preterido com a escolha de Ayres, o que fortalece o papel do presidente da Câmara na condução do tema.
Aos 46 anos, Ayres é visto em seu primeiro mandato como um nome de centro e de perfil moderado. Tem trânsito no Palácio do Planalto, já participou de eventos com o presidente Lula e ministros, mas não hesitou em contrariar o governo em votações importantes, como ao apoiar o projeto de decreto legislativo que sustou mudanças no IOF e ao votar a favor de novas regras para o licenciamento ambiental.
Ao comentar declaração do vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ), sobre pautar anistia a condenados do 8 de Janeiro na ausência de Motta, Ayres disse não ver “qualquer sentido ou praticidade” e apontou violação ao bom senso parlamentar. Em outro momento, ele elogiou a postura do presidente da Casa diante de episódios de motim na Câmara, defendendo que o Legislativo não pode ficar “à mercê” de disputas personalistas.
Neto de político
No debate sobre a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, Ayres classificou a medida como um ataque ao país como um todo e não a um grupo político específico, criticando o que chamou de “recado atravessado” do governo norte-americano.
Com a relatoria da CPI, Ayres assume um posto central em uma investigação de interesse direto da base e da oposição, ampliando seu espaço de articulação e reforçando a ligação com o comando da Câmara.
Advogado e mestrando em gestão pública pela Universidade Federal do Tocantins, o deputado é neto de Francisco Ayres da Silva, que foi vice-governador de Goiás e deputado federal por cinco mandatos. Ele sua carreira como suplente no legislativo estadual entre 2010 e 2014, sendo eleito para a Assembleia Legislativa em 2014 e reeleito em 2018.