A conversa ia bem até a eleição. O Ministério Público de São Paulo estava em acordo com a prefeitura da capital para fazer o enterramento da fiação que corta os céus da cidade. Foi feito o estudo de investimento e o levantamento das fontes pagadoras. Cada quilômetro linear custaria em torno de R$ 7 milhões. Mas a gestão Ricardo Nunes (MDB) cancelou a negociação e, agora, o MP estuda medidas contra a prefeitura no âmbito do inquérito que investiga a sua omissão na fiscalização da Enel.
Parte do dinheiro viria do Tesouro municipal, outra da Cosip (Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública) e a terceira fonte de pagamento seria o próprio morador que quisesse acabar com os fios aéreos de sua vizinhança. Ou seja, cada um teria que aderir ao projeto. Um apartamento de 100 metros quadrados, por exemplo, pagaria algo em torno de R$ 1,2 mil como Contribuição de Melhoria, o que poderia ser parcelado.
O medo de virar ‘Martaxa’
Ao tentar cobrar uma taxa de lixo, a então prefeita Marta Suplicy (PT), nos anos 2000, ganhou o eterno apelido de Martaxa. Como a suspensão do projeto ocorreu perto da eleição, suspeita-se que o prefeito tenha ficado com medo de ter a mesma pecha.
“Lamenta-se que a prefeitura tenha abandonado o projeto de enterramento dos fios, pois, a cada tempestade, surge a possibilidade de um drama para o município de São Paulo”, disse à coluna o promotor público que investiga o caso, Silvio Marques.