Gilberto Kassab, o inventor do PSD e secretário de Governo da gestão Tarcísio de Freitas, termina 2024 como o líder máximo do partido que mais conquistou prefeituras nas urnas brasileiras, 891, das quais cinco são capitais e 206 estão em São Paulo, seu reduto político. Outra métrica do sucesso eleitoral do kassabismo: o PSD foi vitorioso nas eleições das três maiores cidades do Brasil. Levou as prefeituras de Rio de Janeiro e Belo Horizonte e apoiou o vencedor em São Paulo, Ricardo Nunes. Com tanto voto, Kassab e o seu PSD começarão 2025 na mesma posição confortável em que se encontram há dois anos.
Criador e criatura têm influência sobre os três maiores orçamentos do país: a União, o estado de São Paulo e a prefeitura da capital paulista. Por outro lado, 2025 começará a trazer mais concretamente à mesa de Kassab os inevitáveis dilemas que a posição impõe.
Será desafiador manter a exótica combinação de homem forte de um governador bolsonarista no estado mais rico e populoso do país e importante aliado político do governo de um presidente petista. Acostumado a atuar como um grande mediador no PSD, o partido que nasceu sem ser de direita, de centro ou de esquerda, Kassab não disputa eleições há dez anos, quando não se elegeu senador por São Paulo.
2025 deve também começar a responder se ele voltará às urnas em 2026, como possível vice de Tarcísio — seu plano A. A caminhada nessa direção vai ser acompanhada até o fim do ano com movimentos relacionados à eleição presidencial, que deve opor Lula e pelo menos um candidato da direita. Um de seus principais aliados no PSD e secretário-geral da sigla, Alexandre Silveira, é ministro de Minas e Energia. O partido ocupa ainda a pasta da Aquicultura e Pesca — que a bancada na Câmara quer devolver em nome de receber algo mais robusto. O Planalto tem indicado que vai ouvir carinhosamente o apelo.
A onipresença e o poder do PSD não raro têm rendido comparações com o antigo PMDB. É verdade que há semelhanças, sobretudo no proverbial “se há governo, sou a favor”, mas uma diferença é fundamental: o peemedebismo nunca teve o protagonismo de um Gilberto Kassab.