Criticado por um advogado de Augusto Heleno, na semana passada, por fazer muitas perguntas aos réus nos interrogatórios da ação penal da tentativa de golpe, Alexandre de Moraes foi à forra nesta terça, na leitura de seu voto no julgamento. Como de costume, Moraes usou de ironia e sarcasmo para rebater o advogado Matheus Milanez na Primeira turma do STF.
Ao rejeitar uma das alegações preliminares da defesa de Heleno, segundo a qual Moraes violou o sistema acusatório e agiu como “inquisidor” ao fazer mais perguntas que a PGR aos réus, o ministro disse que não caberia à defesa “censurá-lo”. Disse Moraes:
“A ideia de que o juiz deve ser uma samambaia jurídica durante o processo não tem nenhuma ligação com o sistema acusatório, isso é uma alegação esdrúxula. Não cabe a nenhum advogado censurar o magistrado dizendo o número de perguntas que ele deve fazer. Há argumentos jurídicos muito mais importantes do que ficar contando o número de perguntas que o advogado fez e que o juiz fez”.
Mais à frente em seu voto, ao lembrar ataques feitos por Bolsonaro ao STF no Sete de Setembro de 2021, Moraes ironizou a contagem de perguntas feita por Milanez.
“Indagado no interrogatório judicial por este magistrado, na 42ª pergunta que esse magistrado fez, ministro Flávio, após os advogados terem feito 14 perguntas, indagado pelo relator, [Bolsonaro] se desculpou, disse que era o jeito dele, que não tinha nenhuma prova”, afirmou.