O plano de segurança para o julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado foi colocado em execução, sem alarde, na última semana. O policiamento ostensivo no Supremo Tribunal Federal, nos acessos e arredores foi visivelmente reforçado em meio à escalada de ataques aos ministros e às investigações relacionadas a Silas Malafaia.
O maior efetivo de seguranças (imagem em destaque) pôde ser visto por quem circulou nos últimos dias na Praça dos Três Poderes e no Supremo. O reforço policial faz parte do plano traçado desde março pela Secretaria de Segurança do STF para evitar baderna nos dias da audiência.
As equipes da Polícia Judicial ocuparam a área na semana passada e ficarão em regime de plantão até o final do julgamento. O tribunal não revela o efetivo total previsto para esse período.
A audiência de encerramento do processo contra os réus que encabeçaram a trama golpista, segundo a denuncia da PGR (Procuradoria Geral da República), começa na terça-feira, 2, e acaba dez dias depois. A sentença de Bolsonaro e demais réus é prevista para a sexta-feira, 12.
Além do policiamento, o acesso ao STF está mais restrito. A triagem de quem entra nas sessões do plenário foi intensificada. Além do uso do scanner corporal, as vistorias de objetos foi intensificada.
Redes e protestos
Uma frente de atenção do plano de segurança para o julgamento são as movimentações de apoiadores de Bolsonaro na internet. Equipes de inteligência estão de olho atento na identificação de chamados de protestos e atos que podem gerar riscos durante as sessões no Supremo.
Na última semana foram identificadas convocações para protestos em Brasília e em alguns estados para o dia 2 de setembro, data de início do julgamento. O clima de tensão horas antes do cerco a Bolsonaro e Malafaia na quarta-feira, 20, foi um indicativo do que pode acontecer nos próximos dias.
O tensionamento e os riscos de conflitos no julgamento de Bolsonaro eram previstos. Com o aumento de ameaças a ministros identificado nos últimos dias e com o tom de enfrentamento político-partidário agressivo entre apoiadores do ex-presidente e a base governista, o plano foi mantido aberto para ajustes finais.
A ação coordenada pelo chefe da Secretaria de Segurança do STF, o delegado da Polícia Federal Marcelo Schettini, e executada em parceria com a Secretaria de Segurança do Distrito Federal pode ser reordenado emergencialmente diante de imprevistos durante a execução.