Suspeito de receber gordas propinas no esquema do INSS, José Carlos Oliveira, ex-ministro do governo Bolsonaro, fez uma declaração de bens muito modesta à Justiça Eleitoral em 2024, quando concorreu a vereador de São Paulo. Hoje rebatizado de Ahmed Mohamad, Oliveira declarou um patrimônio de R$ 278.494,41. Ele foi candidato pelo PSD.

Os bens declarados pelo ex-ministro foram um imóvel em Santo Amaro, no valor de R$ 260 mil; cotas de duas empresas no montante de R$ 2,5 mil cada; e uma aplicação de CDB de R$ 13.494,41. Oliveira não declarou nenhum automóvel.

Em sua campanha, o ex-ministro gastou R$ 1,2 milhão. Entre seus doadores, a maior, com R$ 200 mil, foi Abigail Silva Suarez, a mulher do empresário Carlos Seabra Suarez, conhecido como “rei do gás”. Suarez foi um dos fundadores da OAS e é o “S” do antigo nome da empreiteira. Hoje, é sócio de distribuidoras de gás em ao menos oito estados.

José Carlos Oliveira tentou, sem sucesso, um cargo eletivo desde 2006, quando foi candidato a deputado estadual. Em 2008, 2012 e 2024, obteve apenas a suplência na Câmara paulistana. No ano passado, recebeu 16.550 votos. Em 2012, ele declarou um patrimônio maior, de R$ 386.449,11, em que mencionava um veículo e mais um apartamento em Santo Amaro. Em 2008, declarou possuir R$ 367.210,72.

Na semana passada, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão e colocou uma tornozeleira no ex-ministro, com autorização de André Mendonça.

Oliveira presidiu o INSS de novembro de 2021 a 2022, quando assumiu o Ministério da Previdência Social, cargo que exerceu até o fim do governo Bolsonaro. À CPI Mista do INSS, ele afirmou que os contratos de sua gestão no INSS eram assinados automaticamente e que não tinha condições de fiscalização.

Entre as organizações que teriam se beneficiado com contratos na gestão de Oliveira, está a Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores), para a qual, em 2021, ele autorizou descontos em folha de aposentados e pensionistas de R$ 15,3 milhões.