O Banco Central decretou nesta terça-feira, 18, uma intervenção de 120 dias e a liquidação extrajudicial do Banco Master. Também foram liquidadas a corretora e o banco de investimentos que pertenciam à instituição. Somente o Will Bank, uma fintech pertencente ao grupo, não foi alvo da autoridade monetária, diante do interesse de investidores estrangeiros em comprar a empresa.
A intervenção e a liquidação extrajudicial são determinadas pelo BC para interromper o funcionamento de um banco, corretora ou fintech e promover a retirada daquela empresa, de forma organizada, do sistema financeiro nacional. Essa decisão costuma ser tomada quando o BC constata que não é possível recuperar a saúde financeira de uma instituição – no jargão de mercado, uma insolvência irrecuperável – ou quando forem cometidas graves infrações às leis.
A liquidação do Master deve levar à maior operação de resgate do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que precisará honrar entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões em depósitos. A avaliação é que o caso não traz risco para o sistema financeiro, uma vez que o FGC tem mais de R$ 120 bilhões em caixa. O FGC assegura que, em casos de intervenção, liquidação ou falência de instituições associadas, seus clientes recebam até R$ 250 mil. Quem possui um valor maior em aplicações receberá o teto de R$ 1 milhão.
O BC também nomeou a empresa EFB Regimes Especiais e Empresas como a liquidante do Banco Master. O responsável técnico da empresa é Eduardo Felix Bianchini. Caberá a ele a função de liquidante extrajudicial, com amplos poderes de administração e representação da sociedade. A decisão de liquidar o Banco Master também determina o bloqueio dos bens dos controladores e ex-administradores, entre eles o banqueiro Daniel Vorcaro.
Prisões e afastamentos
Para além da decisão do BC, a Polícia Federal deflagrou nesta terça a operação Compliance Zero, para investigar transações entre o Master e o BRB. O BRB tentou comprar o Master, mas a operação foi negada pela autoridade monetária.
A operação resultou na prisão de Vorcaro, controlador do Master, e do seu sócio, Augusto Lima. Além das prisões, o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado do cargo pela Justiça. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), indicou para a vaga Celso Eloi de Souza Cavalhero, atual superintendente da Caixa em Brasília.
Ao participar de sessão da CPI do Crime Organizado no Congresso, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que a operação investiga uma fraude estimada em R$ 12 bilhões. “Nessa operação de hoje, a fraude é de R$ 12 bilhões. Não sei quanto nós vamos conseguir bloquear. Já em dinheiro apreendemos na residência de um investigado R$ 1,6 milhão em dinheiro”, disse.
Em nota, a PF informou que as investigações tiveram início em 2024, após requisição do Ministério Público Federal, para investigar a possível “fabricação de carteiras de crédito insubsistentes”. Os títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada. Daniel Vorcaro é investigado pelos os crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa, entre outros.
