A deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) e outros 12 brasileiros que participaram da flotilha Global Sumud chegaram ao Aeroporto de Guarulhos pouco depois das 10 horas desta quinta-feira, 9, após serem presos por Israel na semana passada e deportados na última terça-feira, 7. Em entrevista coletiva concedida no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, a parlamentar reforçou o discurso em defesa dos palestinos.

“Passamos por muitas dificuldades, mas elas não chegam nem perto do que os palestinos vêm sofrendo”, afirmou a deputada. “São 31 dias de ativismo. É importante denunciar cada vez mais o genocídio em Gaza, pois são 80 anos de resistência e 18 anos de bloqueio. A flotilha é a herdeira de toda luta desenvolvida de resistência pelo mar. Esse movimento não pode ser descontinuado”, acrescentou. 

Os ativistas foram detidos por forças policiais israelenses quando levavam ajuda humanitária para Gaza. No grupo de brasileiros estavam a vereadora de Campinas Mariana Conti (PSOL), a presidente do PSOL no Rio Grande do Sul, Gabrielle Tolotti, e Thiago Ávila, que já participou de outros atos da mesma organização. Eles permaneceram na prisão de Ktzi’ot, no deserto do Negev, próximo à fronteira com o Egito, antes de serem transferidos por via terrestre à Jordânia, onde receberam assistência das autoridades consulares brasileiras.

O Ministério das Relações Exteriores atuou desde a partida da flotilha para exigir respeito aos direitos dos brasileiros. Em nota divulgada na quarta-feira, 8, o Itamaraty informou que os brasileiros embarcaram em voo comercial de Amã para Doha, e que o governo brasileiro agradeceu à Jordânia pela colaboração na facilitação dos procedimentos migratórios. O comunicado também reiterou apelo a Israel para permitir acesso humanitário imediato à Faixa de Gaza.

O PSOL assumiu os custos das passagens de Conti e Tolotti, enquanto a deputada Luizianne custeou seu próprio translado. A organização lançou uma vaquinha para ajudar com os gastos da iniciativa.

A ação da flotilha teve repercussão internacional. O grupo partiu de Barcelona no dia 31 de agosto, com destino à Faixa de Gaza, território palestino que enfrenta uma guerra há dois anos e sofre bloqueio humanitário por Israel. Ao longo do trajeto, o grupo passou por portos como Túnis, na Tunísia, onde outras embarcações se uniram à iniciativa. Ao todo, 44 barcos navegavam pelo Mediterrâneo com mais de 460 participantes de mais de 40 países, transportando água, medicamentos e fórmula infantil.

Nos últimos dias, evoluíram as negociações de paz em Gaza intermediadas por Donald Trump. Nesta quarta-feira, 8, o governo de Israel e o grupo terrorista Hamas anunciaram um cessar-fogo. A passagem dos brasileiros pela prisão coincidiu com o período que as conversas avançaram.