Em 2024, o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas foi concedido a três economistas: Daron Acemoglu, turco-americano do MIT-Massachusetts Institute of Technology; Simon Johnson, britânico-americano, também do MIT; e James A. Robinson, britânico-americano da Universidade de Chicago. O trabalho desses três economistas integra um ramo relativamente recente da teoria econômica chamado de Nova Economia Institucional – NEI, que explica o sucesso e o fracasso das nações pela qualidade de suas instituições políticas, jurídicas e econômicas.

O livro “Por que as nações fracassam: As origens do poder, da prosperidade e da pobreza”, de Acemoglu e Robinson, publicado em 2012, tornou-se um clássico moderno da economia e das ciências humanas. Sua teoria de base universal sustenta que os países só escapam da pobreza quando constroem instituições adequadas, capazes de assegurar o direito de propriedade privada e a livre concorrência.

As instituições chamadas “includentes” são aquelas que permitem e regulam a disputa pelo poder, econômico e político, assim como a emergência de novos líderes inovadores. As instituições conceituadas como “extrativistas” são aquelas dedicadas a preservar privilégios, o status quo, e impedir o surgimento e a difusão de inovações, assim como a inclusão de novos agentes econômicos e sociais. As instituições extrativistas pavimentam o caminho do fracasso das nações ao longo da história, como nos mostra o livro seminal dos ganhadores do Nobel de 2024.

A emergência da extrema direita mundial junto com a difusão em escala global das redes de informação e dos negócios no ambiente digital criado pela internet redefiniram a disputa política, econômica e ideológica no século XXI. O pano de fundo principal é a força do sentimento antissistema, alimentado pela indignação com o funcionamento insatisfatório das instituições da democracia e com uma crescente percepção de injustiça em relação aos resultados concretos na condição de vida das pessoas e nas expectativas de futuro.

Giuliano da Empoli, ensaísta italiano, escreveu ”Os engenheiros do caos”, lançado no Brasil em 2020, que analisa os estrategistas que moldaram o populismo digital no século XXI. A tecnologia, o populismo e a desinformação se combinaram para manipular emoções, transformar a política em espetáculo e, por fim, fazer dinheiro, criar celebridades e ganhar eleições. O caos é um método essencialmente anti-institucional de ganhar dinheiro e poder. Funciona como uma instituição extrativista de alta performance.

Pensando no Brasil, que parece funcionar em modo eleição permanentemente, a primeira atitude deve ser a de compreender a origem do sentimento antissistema e vencer a desesperança e a indignação estéril que alimenta o radicalismo político. Reconhecer a imperfeição das instituições da democracia e seu funcionamento deficiente é a base para um posicionamento crítico e consequente de enfrentamento às escolhas limitadas colocadas pelo radicalismo político. Não precisamos aceitar que exista apenas a escolha entre o ruim e o péssimo, o Lula 4 ou o bolsonarismo.

A segunda atitude deve ser abraçar a construção de projetos eleitorais para 2026 distantes do radicalismo tóxico, temperados por uma pauta reformista, que saibam defender as instituições da democracia brasileira, reconhecendo suas imperfeições e apontando caminhos de reformas institucionais pactuadas.

Além de elegermos um presidente capaz de liderar o Brasil rumo a um futuro de paz e prosperidade, precisamos melhorar a qualidade dos nossos representantes no Congresso Nacional e reforçar o avanço que se pode observar nos governos estaduais bem avaliados que produziram toda uma geração de lideranças que souberam conquistar a confiança da população em nível regional.

Estou convencido de que o Brasil tem conserto e, definitivamente, não está condenado ao fracasso.

Luiz Paulo Vellozo Lucas é engenheiro de produção e professor universitário. Foi prefeito de Vitória-ES e deputado federal pelo PSDB-ES. Integra a Academia Brasileira da Qualidade (ABQ)