As investigações no STF sobre venda de sentenças no STJ levaram à prisão, em março, o advogado Thiago Barbosa de Carvalho, então assessor do Ministério Público do Tocantins. Ele foi um dos alvos da Operação Sisamnes, que mirou integrantes de um suposto esquema de vazamento de informações sigilosas e venda de decisões que atuaria em gabinetes do STJ.
Além do cargo que ocupava no MP, do qual foi exonerado, Thiago Barbosa é sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (foto acima). Barbosa não é alvo das investigações, mas prisão de Thiago em uma cadeia do estado, a Casa de Prisão Provisória de Palmas, fez o governo estadual se mexer por uma transferência dele de lá para uma sala no Comando-Geral da Polícia Militar.
Em um ofício destinado a Cristiano Zanin no STF em 11 de abril, o secretário de Segurança Pública do Tocantins, Deusiano Pereira de Amorim, manifestou muitas preocupações sobre o sobrinho do chefe.
Amorim não citou o parentesco entre Thiago e Barbosa, mas apontou que o advogado “ocupava cargo de destaque” no MP tocantinense e afirmou que “o fato que levou à deflagração da operação não foi bem recepcionado dentro cárcere”.
Segundo Amorim, a custódia de Thiago por ali estava demandando um “esforço hercúleo para manter a ordem e preservar a rotina dentro do cárcere”. Ainda conforme o secretário do governador disse a Zanin, agentes carcerários relataram “dificuldade de manter a incolumidade moral e emocional do preso”.
O ofício concluiu que a continuidade de Thiago naquela cadeia seria um “desencadeador de distúrbios dentro do Cárcere, com possíveis consequências para sua própria segurança e resvalando no desequilíbrio da ordem e integridade dentro do Sistema”.
O documento foi anexado junto a um pedido feito em 12 de abril pela defesa de Thiago Barbosa ao STF, para que ele fosse transferido a uma sala de Estado Maior no Comando-Geral da PM do estado.
No documento, o secretário de Segurança do Tocantins apontou a Zanin que o local “tem expertise em abrigar custodiados que carregam consigo forte carga de poder alterar a ordem e rotina dentro da Unidade Penal”.