Indicado pelo governo e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o senador Omar Aziz (PSD-AM) presidirá a CPI que vai apurar os descontos não autorizados de aposentados do INSS. Ele tem a fama de ser um especialista na condução de investigações desde que coordenou os trabalhos da CPI da Covid, que expôs erros do governo de Jair Bolsonaro (PL-RJ) na gestão de crise sanitária.
Desta vez, ao contrário do que ocorreu com a CPI da Covid, Aziz tem a tarefa de não permitir que a investigação se torne um palanque de disputas eleitorais, tanto para o governo, quanto para a direita radical. Nesse sentido, ele indica que pretende direcionar as investigações não para os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou de Bolsonaro, mas para funcionários que operavam o esquema que beneficiou entidades e que foi desvendado por uma investigação da Polícia Federal, em parceria com a CGU (Controladoria Geral da República).
“Você não vai investigar governos. Você vai investigar pessoas que estavam dentro dos governos. Não é o governo em si. Não são os presidentes que tão envolvidos nisso. Não é o presidente da República A ou o presidente da República B”, alertou o senador, em conversa com o PlatôBR.
Aziz ainda terá que ser eleito assim que o colegiado for instalado, mas o nome dele é dado como certo, pelo governo e pela oposição.
Confira os principais pontos da entrevista:
As indicações dos partidos para a CPI ainda estão ocorrendo. Quando o senhor acha que os nomes dos participantes estarão fechados?
Eu acho que até a semana que vem o pessoal já deve estar todo definido. A outra semana já entra em recesso. Mas a gente deve começar só em agosto.
A expectativa do senhor é já sair para o recesso com a composição da comissão pronta?
Eu creio que sim. Acho que já estará todo mundo indicado.
Quanto ao relator, ainda há disputa na Câmara e uma espera por uma definição do presidente da Casa, Hugo Motta. O senhor tem suas apostas?
Esse é um assunto que tem ser decidido pela Câmara. É um assunto da Câmara. Eu não fui eleito presidente ainda e eu não posso estar falando muito também. Você tem que me entender.
Mas mesmo diante de uma situação hipotética, de não ser eleito presidente, o senhor será membro da comissão. Qual é a sua expectativa em relação aos trabalhos?
A expectativa é a gente apurar tudo que aconteceu, quais são os fatos determinantes e procurar fazer justiça. Não tem muito segredo. O que tem que ser feito é aprofundar, identificar as pessoas que participaram e foram, possivelmente, liberadas, e pessoas não sabiam nem o que estavam assinando. O objetivo tem que ser fazer justiça.
O senhor acha que essa CPI tem a capacidade de se transformar em um palanque eleitoral tanto para a oposição quanto para o governo?
Não creio, porque você não vai investigar governos. Você vai investigar pessoas que estavam dentro dos governos, correto? Não é o governo, não são os presidentes que tão envolvidos nisso. Não é o presidente da República A ou o presidente da República B. Tem pessoas que participavam e muitas vezes eram de outras esferas. Só isso que tem que ser investigado.
Mas os caminhos de uma CPMI são difíceis de serem previstos.
É muito cedo para falar porque quando começa a investigação é que realmente a gente tem uma noção do que está se passando. A CPI pode pedir informações. Aí é que a gente vê se outros órgãos podem colaborar com a investigação. É isso que é importante.