A Polícia Federal realiza na manhã desta sexta-feira, 12, uma operação contra desvios de recursos de emendas parlamentares. A advogada Mariângela Fialek, ex-assessora do deputado Arthur Lira (PP-AL), é alvo de busca e apreensão. Os policiais federais realizam as buscas em instalações da Câmara. Os mandados foram expedidos pelo ministro Flávio Dino, do STF. As buscas foram pedidas pela PF com a anuência da PGR (Procuradoria-Geral da República).

A operação da PF aumenta a tensão em Brasília em uma semana marcada por choques entre os poderes. Também nesta sexta, a Primeira Turma do Supremo julga o despacho do ministro Alexandre de Moraes que cancelou a decisão da Câmara de preservar o mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP), presa na Itália.

A base da operação são depoimentos de parlamentares prestados nas investigações do orçamento secreto. Entre esses políticos que forneceram informações estão o senador Cleitinho (MG), e os deputados José Rocha (União Brasil-BA) e Glauber Braga (PSOL-RJ). Lira era o principal defensor da cassação de Glauber, que conseguiu preservar o mandato, mas recebeu uma suspensão de seis meses. 

A advogada alvo da Polícia Federal é conhecida como Tuca. Além de ter trabalhado na assessoria do ex-presidente da Câmara, ela também já fez parte do Conselho Fiscal da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), estatal que recebeu um grande número de emendas do orçamento secreto, que funcionou principalmente durante a gestão de Lira na Câmara, no governo de Jair Bolsonaro. Hoje, ela trabalha na liderança do PP na Câmara.

Desde a administração de Lira, a advogada era responsável por receber as demandas dos parlamentares, organizar uma lista de pedidos de liberações e enviar essas solicitações para Secretaria de Relações Institucionais do Palácio do Planalto, responsável por indicar a liberação das emendas. 

Além de buscas na Câmara, policiais também estiveram na casa da advogada. Segundo a PF, trata-se da primeira fase da operação Transparência, que tem o objetivo de apurar irregularidades na destinação de recursos públicos por meio de emendas parlamentares. Neste sexta, são cumpridos dois mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal), em Brasília. Estão sendo investigados os crimes de peculato, falsidade ideológica, uso de documento falso e corrupção. 

O processo que apura os desvios está sob sigilo, mas a expectativa é que essa condição seja quebrada pelo ministro Flávio Dino após a conclusão da operação da PF.