No primeiro dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal), a oposição saiu de uma reunião de líderes na Câmara confiante em que a proposta de anistia aos envolvidos em atos golpistas será levada a plenário. A percepção, segundo o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), é de que a votação deve acontecer logo depois da conclusão do julgamento.
O deputado afirmou que o projeto não vai se restringir ao 8 de Janeiro. “Não precisa estar escrito nominalmente, mas necessariamente vai abranger o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ou seja, não tem essa história de que [a anistia] vai ser só para quem estava na Praça dos Três Poderes”, disse Sóstenes.
Segundo o líder do PL, a ideia é que a anistia retroaja para contemplar todo o período do governo Bolsonaro. “O que nós estamos pensando de texto é algo que tem que ser desde o inquérito das fake news, de 2019, até o presente momento”, acrescentou.
Sóstenes destacou ainda a atuação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que dialogou com diversos líderes políticos nos últimos dias: “Isso foi uma grande ajuda do governador. Ele trabalhou muito. Me ligou na quinta, trabalhou sexta, trabalhou sábado, trabalhou domingo.”
O líder do PL avaliou que o ambiente político está favorável para a votação. “Eu estou vendo vitórias só. Mas eu só considero vitória quando eu faço o gol. Pautar é só a primeira vitória. Eu quero ganhar no voto, botar no placar igual eu fiz na CPMI”, afirmou, referindo-se à vitória da oposição na votação para a escolha do comando da CPI Mista do INSS.
Governo preocupado
Do lado do Planalto, o líder do PT, deputado Lindbergh Farias (RJ), criticou a movimentação para pautar a anistia em meio ao julgamento. “A gente acha que é um grave erro qualquer discussão para pautar a anistia. Isso é um equívoco completo. Está havendo um julgamento histórico, que deve condenar e prender quem tentou um golpe de Estado. O Poder Legislativo embarcado numa pauta como essa é um grave equívoco. Até porque a anistia é inconstitucional”, disse o petista.
Lindbergh também apontou a atuação de Tarcísio. “Existe essa discussão, cresceu um movimento, com a presença do governador de São Paulo de colocar em discussão essa questão da anistia para depois do julgamento. O Tarcísio está procurando todos os partidos. Isso é um absurdo, é uma interferência no julgamento que está acontecendo no Supremo Tribunal Federal”, afirmou.
Para o petista, a tentativa de votação representa risco para o país: “Nós estaríamos acentuando a crise institucional no Brasil, porque essa movimentação toda acontece no primeiro dia do julgamento do Bolsonaro. Isso é um desrespeito.”