Burros, macacos, cães, gatos, ratos e canários. A arca de Machado de Assis é cheia de bichos que ganharam vida e ideias em suas crônicas e contos. Com ilustrações primorosas de Gê Viana, as organizadoras Fabiane Secches e Maria Esther Maciel trazem uma coletânea desses textos em “Na arca: Machado de Assis e os animais”, que a editora Fósforo lança em julho.

O livro traz 24 textos de Machado de Assis em que os animais são retratados de uma maneira singular até aqueles meados do século 19. Não são os animais das fábulas, com lições de moral e vida e no final, mas são bichos que pensam e reagem como na crônica “Conversa de burros”, em que os asnos que puxam o bonde refletem sobre a chegada dos bondes elétricos e seu estado de servidão aos homens.

Os textos trazem ainda a defesa do vegetarianismo e a observação da relação dos homens com os animais. “Não importa, o homem é carnívoro. Deus, ao contrário, é vegetariano”, escreveu ele em uma crônica de 1893.

Para Maria Esther Maciel, Machado de Assis “pode ser considerado o precursor brasileiro de toda uma linhagem de autores modernos e contemporâneos comprometidos com uma abordagem mais conscienciosa dos viventes não humanos e de nossas relações com eles”.