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Os bastidores da possível candidatura de Rui Falcão ao comando do PT

Na complexa corrida pelo comando do partido, candidatura de nome fora da corrente majoritária passa a ser uma alternativa. Nome do deputado, que já ocupou o posto no passado, embola a disputa. Falcão aguarda reunião com Lula

Dep. Rui Falcão (PT - SP)
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Nos bastidores do PT, o nome do deputado federal paulista Rui Falcão (foto) passou a ganhar força como uma possível alternativa à candidatura à presidência do partido do ex-ministro da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) e ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva .

Edinho, que vinha sendo apontado como o nome preferido de Lula, foi rejeitado por parte da tendência majoritária do PT, a CNB (Construindo um Novo Brasil), em reunião com o presidente da República na casa da agora ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), na semana passada.

Presidente do PT em 1994 e entre 2011 e 2017, Falcão é de um grupo do PT chamado Novo Rumo, mas sua possível candidatura agradaria integrantes da CNB que contestam o nome de Edinho - a corrente, da qual faz parte o presidente da República, está rachada. Um dos participantes do encontro com Lula que fez críticas a Edinho disse que o lançamento do nome de Rui seria “um torpedo” contra o ex-prefeito de Araraquara.

Por outro lado, o presidente interino do partido, o senador Humberto Costa (PE), pode ainda tentar se viabilizar nessa disputa. Costa, porém, tem dito que prefere concorrer à reeleição em seu estado.

Carta aberta
Enquanto seu nome era especulado, Rui Falcão divulgou no site do PT nesta quarta-feira, 12, uma carta aberta à militância petista na qual diz que o processo eleitoral em curso no partido (a eleição está marcada para o dia 6 de julho) “é uma chance para elevarmos o PT a um novo patamar, em um cenário interno e externo de conturbações extremas”.

Falcão disse estar se aproximando “uma batalha decisiva, a das eleições de 2026” e, daqui a pouco, o processo para a eleição no partido “é essencial para nos prepararmos para a campanha de reeleição do presidente Lula, ajustando nossa orientação política e nossa organização para um embate de tanta importância”.

Falcão não se apresenta como candidato. Não anunciou eventual candidatura nem respondeu afirmativamente a perguntas nesse sentido. Segundo membros da executiva do PT que veem agora o seu nome como opção, ele não poderia assumir a candidatura ainda, pois ainda estaria conversando com outros grupos “para se viabilizar”. Procurado no início da noite desta quarta-feira, o deputado não retornou.

No jantar com Lula na semana passada, integrantes do CNB afirmaram ao presidente da República que o nome de Edinho era rejeitado não só por parte da tendência majoritária petista, mas também por outras correntes. Nesse momento, foi citado o grupo Novo Rumo e o nome de Falcão. Lula disse, então, que iria “chamar o Rui” para conversar.

O deputado, que foi um coordenadores da campanha de Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura de São Paulo no ano passado, apoiada pelo PT, já disse estar aguardando um encontro com o presidente - segundo ele, para avaliar como foi o processo eleitoral. Antes da campanha municipal, Falcão foi o responsável por levar a ex-prefeita Marta Suplicy, vice na chapa de Boulos, de volta ao petismo.

Na primeira vez que concorreu à presidência do PT, lembravam ontem petistas, o deputado não teve o apoio de Lula, mas ganhou votos da CNB.

“PT precisa se reconverter”
Em sua carta aos militantes, Falcão fez uma análise do atual quadro político, criticou o que vê como uma tentativa de “acomodação ao centro” no partido e elogiou a ex-presidente do partido e agora ministra Gleisi Hoffmann. Segundo ele, Gleisi, “conduziu com coragem a resistência à extrema direita e a preparação de nosso partido para a sucessão presidencial de 2022”.

De acordo com Falcão, “para cumprir suas tarefas históricas, o PT precisa se reconverter em um partido de massas, mesclando a concorrência eleitoral com a incorporação de amplas frações do povo à luta política”.

Para o deputado, o PT deve “rechaçar os apelos à despolarização, palavra da moda que significa levar-nos a uma transição efetiva para o centro, com um forte rebaixamento ideológico, programático e organizacional”. Em sua avaliação, o partido não pode “ser reduzido a um braço institucional do governo de frente ampla”.

“O combate à extrema direita somente poderá ser bem-sucedido se formos capazes de lhe fazer uma contraposição frontal, aguerrida e popular”, escreveu.

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