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Os próximos passos da reforma ministerial: o que está na cabeça de Lula

O presidente deve continuar a mexer na equipe nas próximas semanas e, pelos seus movimentos, os primeiros a sair devem ser Márcio Macêdo e Cida Gonçalves

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

O presidente Lula começou a reforma ministerial pelas pastas reservadas ao PT e deixou para um segundo momento os cargos destinados a partidos aliados. Assim, as primeiras mexidas aconteceram com as entradas de Gleisi Hoffmann na Secretaria de Relações Institucionais e Alexandre Padilha na Saúde, ambos petistas. Os próximos passos, segundo Lula revelou para auxiliares nos últimos dias, serão substituir o Márcio Macêdo, da Secretaria Geral da Presidência da República, e Cida Gonçalves, do Ministério das Mulheres, também filiados ao partido. Só depois dessas mudanças viriam as possíveis nomeações, por exemplo, de nomes do Centrão.

Aliados da base do governo e até ministros reclamam da demora do presidente ao realizar a reforma em conta gotas. O método de Lula incomodou, principalmente, no caso de Nísia Trindade, que passou por longa fritura e teve a imagem desgastada por especulações antes de sair da Saúde.

A possível demissão de Macêdo também é dada como certa desde o final do ano passado e, agora, está perto de ser confirmada. Entre os próprios petistas há a avaliação de que Macêdo é um dos integrantes mais desgastados da equipe. O titular da Secretaria-Geral sofreu críticas ao longo dos dois primeiros anos no Planalto por não ter criado uma melhor relação com os movimentos sociais. Nesse sentido, ele não teria conseguido uma articulação desejada nem com os militantes do PT.

Macêdo sofreu críticas também pelo caso das passagens pagas com dinheiro público à sua equipe para um carnaval fora de época em sua cidade, Aracaju, em janeiro de 2024. Três funcionários da pasta tiveram de reembolsar os valores à União. O ministro, à época, considerou o caso “um erro de procedimento”.

Foi debitado ainda na conta de Macêdo o vexame na organização da comemoração do 1º de Maio do ano passado, no estacionamento do estádio Itaquerão, na Zona Leste de São Paulo. O evento, com a presença de Lula, teve um público pífio. Dirigentes do PT de São Paulo reclamaram do fato de terem recebido um telefonema do ministro apenas três dias antes, pedindo para preparar o ato em cima da hora. O próprio Lula não gostou do resultado e reclamou publicamente.

Em relação a Cida Gonçalves, pesam as acusações feitas em janeiro deste ano sobre suposta prática de assédio moral e xenofobia no ministério. A denúncia contra Cida foi encaminhada pela Controladoria Geral da União (CGU) à Comissão de Ética da Presidência. Esse episódio arranhou fortemente a imagem da  ministra das Mulheres.

A situação de Cida, como no caso de Nísia, gera especulações. Na sexta-feira, 14, presidente Lula foi a Sorocaba (SP) fazer a entrega de ambulâncias do Samu a 559 cidades e, à noite, participar da festa de aniversário da ex-prefeita paulistana Marta Suplicy (PT), no bairro paulistano dos Jardins. Dentro do partido, alguns petistas aproveitaram a situação para defender o nome de Marta como uma opção para o Ministério das Mulheres.

STJ e presidência do PT
Além de acelerar a reforma ministerial, segundo um influente petista com acesso ao Palácio do Planalto, Lula deve decidir, em breve, sobre indicações para o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e, também, deve explicitar com mais clareza sua opinião a respeito da presidência do PT – a eleição no partido será em julho. Petistas de São Paulo esperavam nesta sexta-feira, 14, que ainda no fim de semana esses assuntos fossem tratados em conversas do presidente com líderes do partido no estado.

No STJ, Lula deverá nomear dois novos ministros. Como informou o PlatôBR, a expectativa era que as vagas fossem anunciadas para um homem e uma mulher. Depois de o presidente nomear a advogada Verônica Sterman para o STM (Superior Tribunal Militar), surgiram especulações, baseadas na interpretação de pessoas com acesso ao Planalto, de que ele poderia ter desistido de nomear uma mulher para o STJ.

Sobre a presidência do PT, Lula disse na semana passada, em conversa na casa da agora ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), que chamaria para conversar o deputado federal paulista Rui Falcão. Ele vem sendo apontado como um possível pretendente ao comando do partido.

O candidato tido como o preferido de Lula é Edinho Silva,  ex-ministro da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência) e ex-prefeito de Araraquara (SP). Lula ainda aposta em Edinho. Mas, de acordo com o petista com trânsito no Planalto, o surgimento do nome de Falcão pode ter sido uma alternativa construída com o aval do próprio presidente, para o caso de o nome de Edinho não se consolidar na disputa.

Falcão foi presidente do PT por sete anos (em 1994 e entre 2011 e 2017). Ele coordenou as campanhas de Dilma Rousseff à Presidência em 2010 e de Guilherme Boulos (PSOL), com apoio do PT, à Prefeitura de São Paulo no ano passado, disputa vencida por Ricardo Nunes (MDB).

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