O governo pagou caro para anunciar um benefício que nem todo mundo percebeu. A mais recente pesquisa de opinião feita pela Quaest, com 8.598 pessoas com mais de 16 anos, mostra que 56% dos entrevistados nem sequer sabiam do anúncio da proposta de isentar quem ganha até cinco salários mínimos do pagamento do IR (Imposto de Renda) e descobriram a medida durante a pesquisa. Por outro lado, a alta recorde da cotação do dólar e o impacto dela na vida dos brasileiros foi percebida por 72% dos entrevistados. Além disso, há uma percepção de piora na economia para 40% das pessoas.
A inclusão da isenção do IR na divulgação do pacote de medidas para controle de gastos públicos foi uma decisão do governo com o objetivo de tentar neutralizar o impacto negativo de um ajuste fiscal que mexia em benefícios sociais. Promessa de campanha de Lula, o aumento da parcela da população que não precisa pagar IR atinge diretamente parte da classe média. Mas nem mesmo os beneficiados com a proposta disseram conhecer a medida quando abordados pelos pesquisadores. O percentual de quem desconhecia a medida até o momento da pesquisa atinge 64% entre as pessoas com renda familiar de até dois salários mínimos, 56%, de dois a cinco salários mínimos e 45% para quem ganha mais de cinco salários mínimos.
Já o ruído gerado no mercado financeiro após a divulgação, que fez o dólar disparar para mais de R$ 6 foi percebido, já que 72% dos entrevistados consideraram que essa alta terá impacto na vida da população e 84% acreditam que esse cenário fará o preço dos alimentos e dos combustíveis subirem. Essa percepção é compartilhada também quando o dado é desagregado por faixa de renda.
Já 62% dos entrevistados disseram que ficaram sabendo da divulgação do pacote de gastos pelos pesquisadores da Quaest. O levantamento mostra ainda uma percepção extremamente negativa em relação à economia: i) 40% acham que a economia do Brasil piorou nos últimos 12 meses; ii) 68% (número recorde) consideram que houve perda do poder de compra das famílias brasileiras; iii) 78% (maior percentual registrado) dizem que o preço dos alimentos subiu no último mês; e iv) 65% dizem que estão pagando mais caro por água e luz e 59%, pelo combustível.