Tão logo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República comunicou oficialmente sua indicação para o STF, o advogado-geral da União, Jorge Messias, disparou uma série de ligações para senadores e adversários pela vaga. Pessoas próximas ao nome escolhido por Lula afirmaram ao PlatôBR que a ideia é medir a temperatura contrária ao nome, buscar apoios e diminuir a resistência de parte dos parlamentares. 

Primeiro, relataram interlocutores, Messias procurou integrantes do governo e da base aliada para combinar o discurso em defesa do sua indicação. Ele já falou com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e com o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP). 

Em seguida, o advogado-geral da União telefonou para o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para pedir seu apoio para o processo de sabatina e a votação em plenário. Messias precisa ser aprovado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e pelo plenário do Senado. Na segunda fase são necessários pelo menos 41 votos. Como mostrou o PlatôBR, o Planalto ainda não está seguro de contar com votos suficientes para aprovar Messias.  

Depois de Alcolumbre, Messias ligou para os adversários na disputa pela vaga: o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), Bruno Dantas. O próximo passo, traçado por Messias e seus auxiliares, é buscar o apoio da bancada evangélica na Câmara e no Senado.

Segundo pessoas próximas ao advogado-geral da União, Messias tem o apoio do presidente da CCJ do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), integrante da base governista. Mas tanto ele quanto auxiliares diretos de Lula sabem que, sem a concordância de Alcolumbre, que queria Pacheco na vaga, a tramitação da indicação fica comprometida. A ordem de Lula é que todos negociem intensamente para evitar uma derrota que abalaria o governo. 

O presidente também já preparou o terreno em caso de um revés no Senado. Segundo interlocutores de Lula, o nome do substituto de Messias não será discutido neste momento. Se ele não for aprovado, permence no posto. 

Além disso, assessores do Palácio Planalto ainda argumentaram que Lula tem atendido aos pedidos de Alcolumbre, como o aprovar a autorização para a Petrobras pesquisar petróleo na Foz do Amazonas e as indicações de cargos no governo. Por fim, auxiliares do petista disseram que ele jamais abriria mão de indicar um ministro do STF, que é uma pregorrativa constitucional do presidente da República.