Brasil afora, em todos os ambientes políticos, está aberta a temporada de caça aos nomes e partidos que vão à luta por um lugar ao sol nas eleições de 2026. É fácil perceber a movimentação partidária, nas capitais e no interior, trazendo à tona a costumeira troca de afagos e ofertas, de olho nos acordos possíveis na busca de votos e acertos que ajudem nas urnas.

Em destaque, a disputa presidencial, onde Lula em queda nas pesquisas e Bolsonaro, ainda sonhando com o impossível, dominam as manchetes e as redes sociais. No confronto, um cenário rico em incertezas, muitas perguntas e respostas enigmáticas. No universo petista a expectativa é que Lula mais uma vez seja candidato, e que pela quarta vez ocupe a Presidência da República. A candidatura é colocada em questão pelo próprio Lula, que inúmeras vezes se manifestou postulante ao cargo, desde que a época esteja com a saúde boa e em condições de enfrentar os atropelos de uma campanha.

Essa manifestação, tornada pública em várias situações, deixa o partido inquieto e arremete para a constante preocupação. Ou seja, caso Lula não se candidate, qual seria o nome a ocupar seu lugar. Fontes ligadas ao partido e especialistas não admitem que haja consenso em torno de nenhum nome capaz de ocupar o lugar de Lula. Mas as especulações estão no ar, e nada mais excitante para os bastidores do centro nervoso do meio político do que a busca desse nome, com alguma chance de sucesso. Até agora, mesmo com as sabidas restrições que existem dentro do próprio PT, o nome do Ministro Fernando Haddad talvez seja o mais indicado.

Mesmo com seu rico e respeitável curriculum profissional e pessoal, seu potencial de voto não encanta a cúpula do partido. Surge nos corredores do Congresso, e nas pranchetas de profissionais da comunicação e de marketing político, o nome do vice Geraldo Alckmin entre aqueles que na eventual ausência de Lula apareça no cenário da disputa com, até agora, razoável aceitação.

Aos 72 anos, com um histórico de vitórias políticas que vai desde vereador a governador do maior estado brasileiro, Alckmin também conhece as ruas e becos que podem levar alguém à presidência da república. Foi candidato ao cargo contra o próprio Lula e sabe bem o tamanho e o peso que isso representa.

Fontes seguras garantem que seu nome já circula por onde tem que circular, as apostas também. Discreto, e com a serenidade conhecida, o ex-governador paulista prefere o silêncio, e sequer sinaliza qualquer manifestação. A sucessão presidencial, talvez até com mais intensidade, também está na agenda diária dos bolsonaristas, com intensa atuação da bancada do PL, sob comando nada discreto de Valdemar Costa Neto, presidente do partido.

Em oposição a Lula, há um exército de personagens de plantão, determinados, prontos e de peito aberto a aceitar qualquer forma de enfrentamento. A preferência e primeira opção do partido, é claro, é pelo nome de Jair Bolsonaro, mesmo com evidentes sinais de que a candidatura jamais acontecerá. Além do impedimento legal já determinado pelo TSE, o ex-presidente divide o seu tempo entre depoimentos à Polícia Federal e visitas aos médicos, atentos e preocupados com a saúde fragilizada do paciente ilustre.

A exemplo do que acontece no meio petista, as dúvidas e questionamentos também inundam o território do adversário. E com um detalhe importante, a lista de reservas candidatos ao primeiro posto é bem maior, com mais opções. Segundo pesquisas, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher, desde que assumiu o partido, a entidade cresceu 14% em número de filiados, e com isso alcançou recursos e orçamento com cifras representativas.

Para o professor de ciências políticas Paulo Henrique Cassemiro, Michelle é agregadora, tem boa oratória e mesmo com pouco tempo de atuação no meio político surpreende pela versatilidade.

Devido a sua aceitação já consolidada entre os evangélicos, seu nome também figura entre aqueles que podem aceitar o desafio de uma candidatura à presidência. Na outra ponta, subindo a régua da disputa, surge o nome do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas. Tarcisio dorme e acorda pensando em ser candidato, mas estranhamente submisso à vontade de Bolsonaro, timidamente se atreve apenas a se assumir candidato à reeleição ao governo paulista.

Romeu Zema, Governador de Minas, Ronaldo Caiado, Governador de Goiás, e Ratinho Junior, do Paraná, também estão na fila do que se acham em condições de desafiar Lula e o PT. As luzes do palco estão acesas, aguardando as estrelas.

José Natal é jornalista com passagem por grandes veículos de comunicação como Correio Braziliense, TV Brasília e TV Globo, onde foi diretor de redação, em Brasília, por quase 30 anos. Especializado em política, atuou como assessor de imprensa de parlamentares e ministros de Estado e, ainda, em campanhas eleitorais