Relator do projeto de anistia com urgência aprovada na noite desta quarta-feira, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) foi oficialmente anunciado para a função pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A decisão rapidamente o colocou no epicentro das negociações sobre o perdão aos condenados pelos episódios do 8 de Janeiro.

No quinto mandato consecutivo, Paulinho é um parlamentar experiente, com facilidade de diálogo com todos os partidos. Tem origem no movimento metalúrgico, é fundador da Força Sindical, central que nasceu com o lema “sindicalismo de resultados”, um contraponto à CUT (Central Única dos Trabalhadores), mais à esquerda e ligada ao PT. Também é fundador do Solidariedade, partido que preside. No Congresso, tem perfil próximo ao Centrão. 

Paulinho foi escolhido para encontrar um texto intermediário entre a anistia irrestrita e a rejeição absoluta a qualquer atenuação das penas. “Acho que nós vamos ter que fazer uma coisa pelo meio. Talvez não agrade nem à extrema-direita nem à extrema-esquerda, mas que agrade à maioria da Câmara. Você viu que nós não estamos mais falando de anistia”, disse o relator, em entrevista à CBN.

No episódio de 8 de janeiro de 2023, Paulinho tomou lado. Em tuítes, descreveu a invasão ao Congresso e ao STF como crime, pediu medidas urgentes para conter o “golpismo”, qualificou os invasores como “terroristas” e apoiou ações extraordinárias para restaurar a ordem. 

Relação com o STF
Apontado como um político com interlocução com o STF, o relator defendeu publicamente o ministro Alexandre de Moraes. Paulinho se referiu a Moraes em agosto de 2024, em um tuíte, como “guardião da democracia”. Em julho de 2025, o Solidariedade repudiou a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro.

O relator também conhece o tribunal por questões judiciais. Em junho de 2020, a Primeira Turma do STF o condenou a 10 anos e 2 meses de prisão por crimes relacionados a desvios envolvendo operações do BNDES, resultando na perda do mandato e suspensão de direitos políticos. Porém, em novembro de 2023, o plenário do Supremo reverteu a condenação por insuficiência de provas, devolvendo-lhe a condição política e a possibilidade de retomar o mandato.

Ex-aliado de Lula
A relação com o governo Lula mostra a ambivalência. Embora tenha apoiado o petista em 2022, ele se descolou publicamente do Planalto desde então. Em entrevistas e declarações deste ano, afirmou que “não há possibilidade” de Lula em 2026 e criticou medidas do governo, como a proposta de usar recursos do Tesouro Nacional para cobrir rombos no INSS.